<b>Sofrimento Sem Fim</b><br> A protagonista Elisabeth Moss em cena dos novos episódios de <i>The Handmaid’s Tale</i> - Reprodução

Uma Fábula Distópica

A assustadora The Handmaid’s Tale chega ao Brasil e inicia segunda temporada nos Estados Unidos

Rob Sheffield Publicado em 19/04/2018, às 00h15 - Atualizado às 00h16

No coração de Gilead, um inferno distópico que um dia foi conhecido como Estados Unidos, Elisabeth Moss faz uma prece. Como todas as mulheres em The Handmaid’s Tale, é uma escrava. Ela se lembra de alguns anos antes, quando era assistente de editora literária em Boston, casada e com uma filha, até o país cair em um golpe religioso. Agora, estamos em um Estado totalitário cristão em que mulheres são forçadas à servidão ou mortas por “traição ao gênero”. Então, tem uma pergunta ao Senhor: “Pai Nosso que estais no céu: Jura? Que porra é essa?” É uma prece adequada, considerando as circunstâncias – as dela e as nossas.

The Handmaid’s Tale pareceu espantosamente oportuno em sua estreia há um ano, nos EUA (no Brasil, a primeira temporada chegou em março, pelo canal Paramount). Quando a adaptação do serviço de streaming Hulu para o romance de Margaret Atwood começou a ser produzida, não havia como saber o quanto os Estados Unidos ficariam terríveis – ou como Gilead pareceria familiar. Nesta nova leva de capítulos, que em seu país de origem começa a ser exibida em 25 de abril, Elisabeth continua excelente como a heroína Offred, resumindo a própria vida assim: “Use o vestido vermelho. Use o chapéu. Cale a boca. Seja uma boa menina. Deite e abra as pernas. Sim, senhora”.

A assustadora segunda temporada vai além do livro, com Atwood envolvida no roteiro, ao lado do criador da série, Bruce Miller. Finalmente vemos as Colônias, o deserto agourento frequentemente mencionado na primeira temporada, para onde mulheres desobedientes e outros desajustados são enviados para trabalhar até caírem. Ann Dowd está de volta como a horripilante Tia Lydia, a governanta sádica que atormenta suas aias. Samira Wiley retorna como Moira. Bradley Whitford entra como um comandante poderoso, junto a Marisa Tomei, Cherry Jones e Clea Duvall, completando um elenco já grande.

The Handmaid’s Tale não é exatamente um thriller ou um programa agradável – a violência é brutal e se repete sem dó, as mulheres são brutalizadas ao som constante de lamúrias. A primeira temporada deixou em suspenso a esperança de as aias se rebelarem, mas, toda vez que mostrava uma virada “vamos, garotas”, o cassetete descia com força. O desafio para a segunda temporada será construir algum suspense, e dependerá de Elisabeth, que leva o drama adiante com uma atuação intensamente comovente. Ela não está esperando ficar suficientemente forte para revidar – ainda não. Só quer manter a raiva queimando o suficiente pra se lembrar de que é alguém por quem vale a pena lutar.

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