Distante do Blink-182, Tom DeLonge encontrou a felicidade como um homem de família obcecado por ÓVNIs
Patrick Doyle Publicado em 28/07/2016, às 18h49 - Atualizado às 18h58
Durante uma tarde ensolarada em San Diego, Califórnia, Tom DeLonge está sentado diante de um computador em uma sala escurecida, digitando em um sistema de busca as palavras “ÓVNIs triangulares pretos”. Ele reproduz um clipe de uma coisa brilhante misteriosa que paira sobre Paris antes de desaparecer em um raio de luz.
Teorias conspiratórias se referem a ela como um TR-3B; alguns acreditam que seja uma máquina construída secretamente pelo governo a partir da coleta de inteligência vinda de ÓVNIs. “É antigravidade pura e inalterada”, diz o músico, maravilhado com o movimento do objeto. “As pessoas ficariam com medo se soubessem que isso existe.”
Há muito tempo – antes mesmo de cantar “Aliens Exist” no clássico pop-punk Enema of the State (1999), do Blink-182 –, DeLonge é aficionado pelo que chama de “fenômeno”. Já fez várias peregrinações em busca de aeronaves, dirigindo seu trailer Airstream até locais de testes aéreos no estado de Nevada, como a Área 51 e Tonopah, levando equipamentos para visualização, telefones que funcionam via satélite e óculos de visão noturna (“Estão registrados no Departamento de Estado – não posso sair do país com eles”).
DeLonge elevou sua obsessão a um novo patamar com o To the Stars, o escritório “transmídia” no qual produz músicas, livros e vídeos. O mais recente projeto dele é Sekret Machines Book 1: Chasing Shadows, um romance de 700 páginas que escreveu com A.J. Hartley, professor de Shakespeare da University of North Carolina, na cidade de Charlotte.
Embora seja uma ficção, o livro foi escrito com informações que DeLonge afirma ter obtido de “fontes dentro da indústria aeroespacial e do Departamento de Defesa e da Nasa”. Então, acrescenta: “Tive aprovação para dizer essa frase, especificamente”. Chasing Shadows teoriza que a tecnologia alienígena não apenas existe como o governo tem conhecimento disso há décadas e até replicou parte dela.
Na internet, DeLonge foi chamado de maluco de pedra, delirante e possível esquizofrênico paranoico.
“É muito difícil pensar: ‘Como este cara em uma banda consegue um acesso desses?’”, pondera. “Parece loucura, mas é porque consigo falar com um público muito específico. Ganhei a confiança desse pessoal.”
No To the Stars, o único sinal de sua vida anterior é um grande desenho emoldurado do Blink-182 no seriado Os Simpsons, que foi ao ar em 2003. Na época, a banda já tinha lançado quatro álbuns de sucesso. DeLonge e o baixista Mark Hoppus tinham a reputação de serem como Beavis e Butt-Head.
Porém, a relação entre eles ruía à medida que o sucesso aumentava, e os dois tiveram várias brigas em 2004, quando DeLonge se recusou a se comprometer com mais uma grande turnê. Foi aí que a banda se separou.
No ano seguinte, DeLonge formou o Angels and Airwaves, um grupo ambicioso que misturava punk com hinos à la U2. Ele previu que seria “a maior revolução do rock para esta geração” e o comparou com a volta de Cristo. Hoje, admite que estava viciado em analgésicos na época. Diz que acabou parando com os remédios de uma só vez, passando por uma forte crise de abstinência. “Narcóticos são demônios”, relata.
Mais tarde, em 2008, Travis Barker sobreviveu a um acidente de avião que matou quatro pessoas na Carolina do Sul. Quase perder o baterista convenceu o Blink-182 a tentar deixar de lado as diferenças – a banda se reuniu para tocar para as maiores plateias que já teve, mas, com o passar do tempo, DeLonge parecia estar em outro lugar.
Na gravação de Neighborhoods (2011), brigou com os colegas por discordâncias em relação ao som do álbum e gravou suas partes em um estúdio separado. Era uma época em que Hoppus e DeLonge passavam meses sem se falar e se comunicavam por meio de empresários. Ainda assim, ele diz que foi pego de surpresa quando o Blink-182 deu uma declaração no ano passado noticiando sua saída.
Conta que naquele mesmo período estava trabalhando com a Marvel em um projeto envolvendo a banda e negociando um novo contrato de gravação. DeLonge discordou dos termos iniciais, que exigiam um compromisso imediato de seis meses com a banda. O To the Stars já estava funcionando e o guitarrista estava profundamente envolvido com o primeiro livro do que planeja ser uma série de nove lançamentos. “Não podia dizer a eles que estava trabalhando com gente do governo”, argumenta.
Hoppus e Barker estão gravando um álbum com Matt Skiba, do Alkaline Trio, e a formação já começou a fazer shows. “Um lado meu fica chateado? Claro”, diz DeLonge. “Amo aqueles caras, mas não quero que ferrem com o legado da banda.” Ainda assim, ele declara que não fechou as portas para a ideia de tocar com eles novamente. “Não me oponho a isso. Ainda ficaria interessado se as pessoas pegassem o telefone e ligassem” (estranhamente, DeLonge entra em contato algumas semanas depois dizendo: “Na verdade, estou na banda”. Alega que nunca pediu as contas nem foi demitido de modo oficial).
Em sua rotina, depois de trabalhar no To the Stars, DeLonge se dedica a jogos de tabuleiro com o filho mais novo, Jonas Rocket, de 9 anos (há ainda Ava Elizabeth, de 13), ou fica deitado na varanda tocando violão sob as estrelas. “A qualidade de vida vem em primeiro lugar aqui”, diz. “A música é secundária.”
“É incrível quando você está tocando ‘All the Small Things’ diante de 100 mil pessoas com lasers e tal, mas é difícil crescer quando você está fazendo a mesma coisa dia após dia”, ele prossegue. “Tudo o que me importa é: ‘Estou feliz? Estou cercado por gente que me ama?’ Tenho feito coisas legais demais por aqui para simplesmente largar tudo.”
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