Veia Polarizada

Electromod mantém experimentalismo dançante do Cachorro Grande, e polemiza ao citar o cenário político atual

Gabriel Nunes

Publicado em 19/09/2016, às 13h19 - Atualizado às 13h28
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(Da esq. para a dir.) Rodolfo Krieger, Marcelo Gross, Beto Bruno, Gabriel Azambuja e Pedro Pelotas acabaram fazendo um disco mais experimental - Muto/Divulgação

Com Electromod, oitavo disco do Cachorro Grande, o quinteto gaúcho se distancia do rock ortodoxo de trabalhos anteriores, como Pista Livre (2005) e Cinema (2009), e consolida seu lado mais dançante e experimental, que já vinha sendo explorado desde Costa do Marfi m (2014). “Essa mudança vem engatinhando desde Baixo Augusta [2011]”, diz o vocalista, Beto Bruno. “Antes nós chegávamos com os arranjos já praticamente prontos. Não acontecia muita coisa no estúdio no sentido de experimentação”, ele completa, citando a produção do amigo de longa data Edu K (DeFalla) como um dos fatores decisivos para que as coisas tenham corrido assim. “O Edu prefere trabalhar com as músicas ainda bastante cruas, bem preto e branco mesmo. “Dessa forma, nós cinco vamos arranjando juntos ao lado dele. Isso deixa o nosso som fluir muito mais.”

Além da guinada sonora para um rock recheado de elementos sintéticos e eletrônicos, lembrando a cena de Manchester na virada dos anos 1980 para 1990, a banda retorna com um discurso mais áspero e com algumas citações ao polarizado cenário político atual. Criticada pela esquerda e enaltecida pela direita, “Electromod” polemizou – a canção foi compartilhada pela página do Movimento Brasil Livre no Facebook, um dos principais grupos nos protestos pró-impeachment. “Vota no PT/ Depois vem pagar de intelectual

(...) Nova MPB/ Não tem o que dizer/ Turminha meio pau”, canta Bruno.

“Ela foi super mal interpretada”, declara o cantor. “Tem um pessoal de esquerda achando que nós somos de direita. Não somos de esquerda, mas não compactuamos com o MBL. Não temos posição nenhuma. Somos a favor de nós, nossos amigos, família, de todo mundo que está trabalhando e quer melhorar.” Ele continua: “Não queremos dar a impressão de que estamos levantando bandeiras. Essa última geração só fala de coisas do coração, quando aparece alguém que diz o que pensa rola toda essa confusão.”

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