Ben Wofford | Tradução: Publicado em 10/08/2015, às 14h10 - Atualizado em 12/08/2015, às 18h01
Esse tipo de coisa acontece com ele praticamente aonde quer que vá. Neste voo, seus fãs verão a mais recente missão de Schlappig: uma viagem de final de semana que o levará para o leste asiático – Hong Kong, Jacarta, Tóquio – e de volta a Nova York em 69 horas. Ele raramente sairá dos aeroportos e, quando sair, só dormirá em hotéis de luxo. Na classe executiva, alguns rostos rechonchudos olham feio para as crescentes risadas e para o champanhe derramado – “mais um riquinho mimado, vivendo às custas dos pais”, julgam. Só que Schlappig tem um emprego – e é justamente este.
Aos 25 anos, ele é um dos maiores astros de um grupo de elite de viajantes obsessivos cuja meta é enganar as companhias aéreas. São competidores com um objetivo peculiar: voar de graça, o máximo possível, sem ser flagrados. Nos últimos 20 anos, a internet reuniu esse grupo formado por membros que acumulam diferentes habilidades: o talento digital de um escritor de códigos, o amor de um advogado pelos limites tênues da lei e uma paixão pela burocracia das companhias aéreas. É uma colmeia de gênios de TI, especialistas em estatísticas, nerds de aviação e todo tipo de pessoa que não foi ao baile de formatura.
Schlappig deve sua pequena fatia de fama ao blog One Mile at a Time. Postando até seis vezes por dia, ele dá conselhos meticulosos sobre a arte de explorar viagens – conhecida nesse mundo como Hobby. Não são simplesmente as dicas que atraem seus fãs, mas sim a emoção secundária da vida luxuosa de Schlappig – por exemplo, um voo recente com chuveiro particular e serviço de mordomo ou quando ele percorreu a pista do aeroporto em um Porsche. Só que seus fãs não são apenas leitores de viagens – são jogadores, e Schlappig está ensinando a eles como vencer.
Aos 25 anos, ele é um dos maiores astros de um grupo de elite de viajantes obsessivos cuja meta é enganar as companhias aéreas. São competidores com um objetivo peculiar: voar de graça, o máximo possível, sem ser flagrados. Nos últimos 20 anos, a internet reuniu esse grupo formado por membros que acumulam diferentes habilidades: o talento digital de um escritor de códigos, o amor de um advogado pelos limites tênues da lei e uma paixão pela burocracia das companhias aéreas. É uma colmeia de gênios de TI, especialistas em estatísticas, nerds de aviação e todo tipo de pessoa que não foi ao baile de formatura.
Schlappig deve sua pequena fatia de fama ao blog One Mile at a Time. Postando até seis vezes por dia, ele dá conselhos meticulosos sobre a arte de explorar viagens – conhecida nesse mundo como Hobby. Não são simplesmente as dicas que atraem seus fãs, mas sim a emoção secundária da vida luxuosa de Schlappig – por exemplo, um voo recente com chuveiro particular e serviço de mordomo ou quando ele percorreu a pista do aeroporto em um Porsche. Só que seus fãs não são apenas leitores de viagens – são jogadores, e Schlappig está ensinando a eles como vencer.
“Sou muito sortudo por fazer o que amo”, ele diz, se espreguiçando em uma poltrona ergonômica enquanto atingimos 30 mil pés de altitude. No último ano, desde que saiu do apartamento que dividia com o ex-namorado em Seattle, ele voou mais de 640 mil quilômetros, o suficiente para dar 16 voltas ao mundo. Há 43 semanas ele não dorme em uma cama que não seja de hotel e passa uma média de seis horas por dia nos céus. Tem um itinerário livre, frequentemente planejando o próximo destino ao chegar ao aeroporto. Ainda assim, mesmo com tantas viagens, seria um erro chamar Schlappig de nômade. Ele está em casa assim que sente o cheiro do ambiente sem arde uma cabine pressurizada.
“Um avião é meu quarto”, ele afirma, esticando-se para pegar os chinelos de cortesia. “É meu escritório e minha sala de jogos.” O privilégio de deitar nesta suíte pessoal custa cerca de US$ 15 mil. Schlappig tipicamente faz esta viagem quando está entediado no final de semana. Paga por ela como paga por tudo: com uma parte de suas muitas milhas de programas de fidelidade, que crescem a cada dia.
Schlappig não foi exatamente apresentado à sua fixação, mas sim criado por ela. Nascido em Nova York, era obcecado por aviões na infância, recitando sem parar modelos de aeronaves. “Benjamin sempre foi diferente dos meus outros dois filhos”, conta a mãe, Barbara. “Os professores me diziam: ‘Ele está à frente de tudo’. Estava entediado.”
Aos 13 anos, o garoto descobriu o website FlyerTalk, um imenso fórum livre a respeito de tudo sobre companhias aéreas, no qual usuários se encontram para traçar estratégias de ofertas e testar falhas na burocracia das empresas. Ali, Schlappig encontrou uma comunidade global que jogava um jogo imensamente complexo montado sobre três pilares básicos.
Um dos passos fundamentais que um hobbysta precisa dar é escolher uma companhia aérea para competir pelo status máximo de fidelidade – Schlappig escolheu a United. Nada foi gratuito logo de cara – o objetivo do jogo era um retorno sobre o investimento. Um hobbysta só gasta quando pode conseguir um valor igual ou superior em retorno. Schlappig demorou um ano para dominar as dezenas de técnicas complicadas, explorando erros em algoritmos de bilhetes e aprendendo os detalhes dos programas de milhagem. A segunda parte do jogo é o cartão de crédito – coletar e cancelar o máximo possível de cartões e usar uma série de truques para acumular os pontos que parcerias entre bancos e companhias aéreas dariam Enquanto se aprofundava, Schlappig ficou sabendo de um terceiro nível, uma prática chamada de “Manufacture Spend” (algo como “fabricar gasto”). Cartões afiliados a companhias aéreas dão pontos para cada dólar gasto, então, ao longo das décadas, hobbystas manipularam o sistema fazendo compras nos cartões sem essencialmente gastar nada. Em sua forma mais simples, isso inclui comprar moedas de dólar da Casa da Moeda norte-americana com um cartão de crédito e usá-las imediatamente para pagar o encargo.
Excepcionalmente inteligente e igualmente motivado, Schlappig viu uma forma de convencer os pais a apoiá-lo no Hobby: mostrar a eles como poderiam visitar a família na Alemanha pagando menos na primeira classe do que na econômica. A partir dali, acabaram satisfazendo totalmente a obsessão do filho. Quando ele tinha 15 anos, o levavam ao aeroporto aos sábados e buscavam aos domingos. “Era um passatempo interessante”, diz o pai, Arno, enquanto cigarras cantam fora do apartamento em St. Petersburg, Flórida, que o filho comprou para eles depois que o blog decolou. “Falei: ‘Ei! Pode continuar! É melhor do que fumar maconha’.”
Apesar de seu alto QI, Schlappig era um aluno apático. Frequentava uma escola católica só para meninos, onde lutou para se adaptar. “Quando ele terminava a lição de casa, voltava para o quarto e entrava no FlyerTalk”, lembra Arno.
Hobbystas dizem que leva anos para dominar o jogo, mas, aos 16 anos, o rapaz se tornou o primeiro membro conhecido a sobrevoar o Oceano Pacífico seis vezes em uma viagem – Chicago, Osaka, São Francisco, Seul e de volta –, em julho de 2006.
Quando fez 17 anos, havia completado 1 milhão de milhas.
“Fiquei com medo no começo”, conta Barbara. “Que mãe deixa seu filho viajar pelo país inteiro naquela idade, certo?” Generais da Força Aérea dos Estados Unidos fizeram a mesma pergunta uma vez, quando escoltaram Schlappig para fora de um avião depois de verem seu estranho itinerário, exigindo falar com os pais dele. “Acho que o motivo para o deixarem voar e seguir sua paixão quando era novo foi porque um filho já havia partido cedo demais”, diz um amigo próximo da família.
Ben tinha 3 anos quando seu irmão mais velho, Marc, morreu em um terrível acidente pouco depois de completar 14 anos. Estava andando em um jet ski que os pais tinham alugado quando um piloto bêbado o atingiu com um barco. A família ficou devastada e, para o pequeno Ben, a perda foi particularmente difícil. O pai, que trabalhava para um banco, só ficava em casa aos finais de semana. “Marc tinha sido como um pai para o Ben”, afirma Barbara. “Ele era tudo.”
A família acabou se mudando para Tampa, onde Ben fez o ensino básico e descobriu sua obsessão. “Sabe, em retrospecto, eles foram loucos por me deixar voar”, diz Ben. “A abordagem da minha mãe foi: ‘A vida é curta demais para não fazer o que se ama’.”
No outono de 2007, Schlappig entrou para a única faculdade em que se inscreveu, a Universidade da Flórida, sem ao menos visitar o campus. Ficou entediado quase instantaneamente, preenchendo o vazio com viagens e com o FlyerTalk. Em fevereiro, ele lançou o One Mile at a Time e começou a palestrar em eventos patrocinados por companhias aéreas, ocasiões extravagantes em que funcionários e associados dos programas de milhagem podiam se encontrar. Foi em um desses eventos, no Aeroporto Internacional de São Francisco, em 2009, que Schlappig, aos 19 anos, conheceu Alex Pourazari, outro adolescente que havia se tornado membro de sua rapidamente crescente base de fãs. “Eu o admirava muito – era tão embaraçoso”, lembra Pourazari. “Ainda tenho o e- -mail adorador que enviei, me faz rir. Eu o leio às vezes só para me lembrar do quão longe conseguimos chegar.” Os dois logo se tornaram melhores amigos, tramando rotas de voo ainda mais impressionantes para se desafiarem. Juntos, acumularam centenas de horas no ar, raramente saindo dos aeroportos. Esta prática – chamada de corrida de milhagem, ou viajar incessantemente em voos com descontos tremendos para acumular milhas no programa de fidelidade – é uma base do Hobby, como o drible é para o basquete. Schlappig e Pourazari fizeram sua primeira corrida de milhagem no Dia dos Namorados de 2010. Em uma tacada, passaram por sete aeroportos, partindo de Tampa a caminho do Havaí e voltando direto sem nem respirar o ar do estacionamento.
Durante o ano e meio seguinte, enquanto a amizade virou namoro, eles continuaram aperfeiçoando suas técnicas; uma das preferidas era chamada de troca de voos. Na época, companhias aéreas frequentemente vendiam mais assentos do que tinham para os voos e os passageiros que voluntariamente cediam lugar viajavam de graça na
aeronave seguinte, além de receberem um voucher de US$ 400. Voos com overbooking supostamente são ocorrências ao acaso, mas, usando um software popularizado no Hobby por comparar dados obscuros da Federal Aviation Administration [agência federal de aviação dos Estados Unidos], Schlappig e Pourazari se tornaram mestres em prever quando os voos iriam ficar superlotados. Era dinheiro de graça.
Não demorou para Schlappig dar mais um passo, começando a estudar as regras dos chamados “vouchers de desculpas”. Como um gesto conciliatório por qualquer coisa quebrada em um determinado voo, United oferecia aos passageiros cupons com valores entre US$ 200 e US$ 400. Cada vez que embarcava em um avião, ele procurava algo quebrado – um fone de ouvido ou uma lâmpada – e acumulava os cupons. “Quando um sistema pode ser facilmente explorado, é tentador levá-lo ao limite, simplesmente por levar”, afirma Schlappig. “Especialmente quando também está em jogo a confiança arrogante que só um adolescente pode ter.”
Durante seu último ano na faculdade, ele se gabou descuidadamente a um repórter do The New York Times, revelando que havia acumulado mais de US$ 10 mil em vouchers. Schlappig conta que, algumas semanas depois, em abril de 2011, recebeu uma carta certifi cada da United, informando animadamente que, como havia se aproveitado do sistema, sua conta no programa de milhagens estava permanentemente suspensa. Ele estava proibido de voar, a segundo a carta, a não ser que pagasse à companhia US$ 4.755 – a quantia que a empresa alegava ser relativa a perdas por causa das técnicas de Schlappig.
“Como você define ‘se aproveitar’?”, ele questiona, devolvendo uma toalha de mão a uma comissária atenciosa enquanto voamos sobre o mar do sul da China. “Fiquei muito irritado por causa das falhas que encontrei, a ponto de ganhar US$ 200 cada vez que meu áudio não funcionava? Não, mas são eles que criam o sistema” (executivos da United não comentam oficialmente o caso de Schlappig, apenas declaram: “Não tomamos providências para limitar o envolvimento de associados com o programa a não ser que notemos atos de fraude ou outras violações sérias”). Schlappig propôs várias vezes enviar um cheque à United, mas não teve resposta.
Semanas depois de receber sua carta de banimento da companhia, ele se formou em marketing. Ficou em Tampa, ainda namorando Pourazari à distância e, depois de fazer algumas entrevistas corporativas, decidiu se arriscar e transformar o Hobby em uma carreira. Naquele verão, com Pourazari a bordo, ele criou a Points- Pros, uma consultoria que ajuda clientes a construir itinerários com milhas dos programas de fidelidade.
Com suas regras impenetravelmente complexas, as companhias aéreas tinham criado um mercado de viajantes incrivelmente confusos e a PointsPros imediatamente se viu em demanda. Depois de um ano lidando com uma carga de trabalho acachapante e uma relação de longa distância, Schlappig decidiu ir morar com Pourazari no bairro de Bellevue, em Seattle. Um ano depois, a relação terminou e Schlappig viu que pouca coisa o prendia ao chão. “Naquele momento, pensei: ‘Que se dane’”, lembra. “Decidi fazer isto em tempo integral.” Em abril de 2014, no final do contrato de aluguel do apartamento, ele entrou no Aeroporto Internacional de Tacoma, em Seattle. E não pousou mais.
Segundo amigos, além de ter se tornado um dos maiores astros do Hobby, Schlappig se tornou também um milionário. Sua renda vem de três fontes: anúncios baseados em
impressão no blog, a consultoria PointsPros e “marketing afiliado”, o que signifi ca receber uma comissão de administradoras de cartão de crédito cada vez que a assinatura de um novo cartão é originada do blog. Ele admite que o marketing afiliado lhe dá um interesse em particular nas mesmas companhias com as quais muitos hobbystas jogam. Um hobbysta médio tem pelo menos uma dezena de cartões de crédito – muitos têm mais de 40.
Acumular uma grande quantidade de cartões de crédito é essencial para o Manu-facture Spend. Nenhum tópico de discussão gera olhares mais preocupados ou bocas emudecidas – um código de silêncio é crucial na cultura do Hobby. A técnica revela uma verdade fundamental, mas subestimada, sobre as milhas de programas de fidelidade: elas se tornaram, em essência, uma moeda. Em 2012, um relatório do Banco Central europeu classificou as milhas de companhias aéreas na mesma categoria do bitcoin, citando um cálculo de 2005 da revista The Economist que estimou o valor global de milhas de programas de fidelidade em mais de US$ 700 bilhões. No entanto, se milhas são moedas, companhias aéreas são como Bancos Centrais, que podem mudar constantemente as regras, desvalorizar os pontos e fechar contas como quiserem. Em 2009, um viajante com cartão de fidelidade processou a Northwest Airlines por fechar sua conta, insistindo que nunca violou as regras do programa. O caso foi até a Suprema Corte, que ficou do lado da Northwest. Essencialmente, as companhias, não os clientes, são donas das milhas e o espectro de condições delas para encerrar uma conta é vasto.
Schlappig me dá essa aula de economia enquanto espera no spa do lounge Clubhouse para primeira classe da Virgin Atlantic no Aeroporto JFK, em Nova York. Ele conversa durante uma massagem de cortesia, se esticando ocasionalmente para dar um gole em um copo com gim e licor de amora; conhece quase todos os funcionários daqui pelo nome e programa suas viagens para fazer uma parada no local a cada duas ou três semanas.
As comissárias de bordo, que estão entre suas fãs mais fervorosas, o tratam igualmente bem. Em um recente voo internacional, uma comissária o levou para uma fileira vazia, oferecendo o que ele delicadamente chama de “trabalho manual” surpreendente e indesejado (“Foi um desastre”, conta Schlappig. “Tentei sair, mas foi inútil”).
Já passou da meia-noite no centro de Hong Kong, e depois de atravessar o Pacífico em um voo de 16 horas, um Schlappig com olheiras e cabelo bagunçado parece estar saindo da escola depois de mais um dia de aula. Bebeu quantidades iguais de champanhe e café e está novamente em sua
cidade preferida.
“Não associo nada fisicamente com estar em casa, mas este lugar é o que chega mais perto”, diz. Logo fará um ano que saiu do apartamento de Seattle. Ele pensa no assunto tomando uma taça de vinho branco em algum lugar sobre o Oceano Índico, mas pela primeira vez deixa entrever uma ponta de tristeza em seu sorriso. “É isolador”, admite. “Há vezes em que são 3h da manhã em Cantão, na China, e você pensa: ‘Ah, eu poderia estar em Los Angeles me divertindo com amigos’.”
Ou poderia estar em qualquer lugar: cada foto de seus relatos de viagem é totalmente isenta de companhia humana – lounges vazios, menus de primeira classe, marcos inanimados de uma existência cinco estrelas. Em nosso voo seguinte, Schlappig tenta ficar motivado com a seleção de champanhes, falando sobre as melhores harmonizações de refeições com uma garrafa de Krug de US$ 200.
“Faço o que amo”, sussurra, talvez mais para si mesmo. “Você precisa entender: esta sempre foi minha paixão.” Suas palavras diminuem de volume e ele fecha os olhos.
Depois de esvaziar as garrafas de champanhe, ele terá a vontade repentina de voltar a Nova Délhi. Ali, enfiado em um canto do Aeroporto Internacional Indira Gandhi, estudará o saguão de desembarque. “Você vê uma família inteira, 20 pessoas, indo buscar alguém no aeroporto”, conta. “Pessoas com placas, com bexigas, com flores. Há algo bonito nisso.” Ele observa por algumas horas, pensando nas histórias por trás dos reencontros e das risadas altas que vêm com cada novo voo. Só que ainda não consegue decidir se o que acabou de ver é uma visão de seu passado ou do futuro.
“O mundo é tão grande que posso continuar correndo. Mas isso te faz perceber que, ao mesmo tempo, o mundo é muito pequeno”, diz Schlappig. Depois de uma longa pausa, continua: “Quero o que não posso ter. Não há nada de gratificante nisso. É louco e fodido. Mas ainda gostaria de pensar que sou uma pessoa razoavelmente feliz”. Ele sorri. “Apesar de tudo.”
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