<b>Do baú</b><br> Filme é rico em material de arquivo. -

A Vida Íntima da Explosiva Cássia Eller

Documentário alterna momentos em família e temas polêmicos para compor retrato da cantora

Luciana Rabassallo Publicado em 29/01/2015, às 17h01

Com os olhos marejados e perceptivelmente nervosa, Cássia Eller olha para a câmera, faz sinal de positivo e sorri. Conhecida por uma postura explosiva no palco, a cantora, naquele momento, aguardava para dar à luz Francisco Eller, o Chicão, único filho dela. A cena, íntima e tocante, faz parte do documentário Cássia, do diretor Paulo Henrique Fontenelle, que chega aos cinemas em 29 de janeiro. Intercalando fotos, vídeos inéditos e entrevistas com artistas, amigos e familiares, a obra é uma viagem profunda ao universo da polêmica cantora, morta em 2001, aos 39 anos.

O filme contempla os fãs com um rico material, recuperando imagens da infância de Cássia e cenas das primeiras apresentações, em Brasília (cidade na qual ela foi morar aos 18 anos), além de registros caseiros, que mostram a cantora ao lado do filho e da mulher, Maria Eugênia. O documentário também é permeado por depoimentos emocionados. Os músicos Zélia Duncan e Nando Reis, ao lado de Nancy Ribeiro, mãe de Cássia – que fala abertamente sobre a sexualidade da filha e as crises de abstinência que ela enfrentou pouco antes de morrer – protagonizam os momentos mais tocantes.

“A Cássia é uma fi gura emblemática para a música brasileira, mas o público só conheceu o lado explosivo dela. Fora dos palcos, ela era uma pessoa doce, tímida e simples”, conta Fontenelle, experiente em obras biográficas após dirigir Loki: Arnaldo Baptista (2008) e Dossiê Jango (2013). O relato sobre a vida e a obra do integrante d’Os Mutantes foi o passaporte do cineasta para conseguir o apoio da família da cantora na realização do filme. “Quando enviei o projeto para a Maria Eugênia, ela me disse que o Chicão havia visto o documentário sobre o Arnaldo e gostado muito”, ele conta. “Por isso, eles se interessaram pela minha proposta.”

Fontenelle também faz questão de ressaltar que a viúva de Cássia pediu que a intérprete fosse mostrada como realmente foi, “sem máscaras, porque ela nunca escondeu nada sobre a vida dela”. Um destaque do documentário é o registro da luta travada por Maria Eugênia, companheira de Cássia por 14 anos, para manter a custódia de Chicão. O pai da artista, à revelia do resto da família, tentou obter a guarda do garoto na Justiça. O processo, vencido pela viúva, é um marco para os direitos civis das famílias brasileiras formadas por casais homossexuais.

cinema Drogas morte musica filho luta gay direitos documentario cassia eller civis chicao maria eugenia

Leia também

Andrea Bocelli ganha documentário sobre carreira e vida pessoal


Janis Joplin no Brasil: Apenas uma Beatnik de Volta à Estrada


Bonecos colecionáveis: 13 opções incríveis para presentear no Natal


Adicionados recentemente: 5 produções para assistir no Prime Video


As últimas confissões de Kurt Cobain [Arquivo RS]


Violões, ukuleles, guitarras e baixos: 12 instrumentos musicais que vão te conquistar