Por Miguel Sokol Publicado em 11/01/2010, às 09h56
Querido Papai Noel, eu não me comportei direitinho este ano, eu sei. Chamar o Rubens Barrichello de "o piloto mais amolado do Brasil" e os Los Hermanos de "triunfo da falta de testosterona" não é bonito. Dizer que o José Mayer é ridículo e que o Victor Fasano devia contratar o seu fake do twitter para o cargo de personal brain é muito feio, mas chutar cachorro morto é horrível e eu chutei quando disse que o Nove Mil Anjos acabou porque era péssimo. Eu até dedei a Daniella Cicarelli, contando que ela declinou o convite para uma capa da Rolling Stone com "uma alga a mais" e, quando o senhor pensa que não dá para piorar, confesso que incitei um crime, Papai Noel, batizando meu computador de Pérola Negra, sugerindo que ele seria o navio mais pirata que já navegou pela internet.
Diante disso tudo, eu não tenho a cara de pau de pedir um videogame neste Natal. Tudo bem, eu nem queria ver o Kurt Cobain rebolando ao som de Bon Jovi na minha frente mesmo. Na verdade, se o senhor decidir que não vai me dar presente algum, eu não me sinto castigado. Um belo nada ainda é melhor do que o disco de "releituras roqueiras" que a dupla Paulo Ricardo e Toquinho fez das músicas do poetinha Vinícius de Morais, isso sim é castigo, o tipo de presente que faz qualquer um lamentar ter nascido com duas orelhas.
A esta altura dos acontecimentos, também não vou passar um pano pedindo a paz mundial ou o desenvolvimento sustentável, até porque eu não sou a Madonna e fazer o bem não deduz qualquer porcentagem do meu imposto de renda, mas, se o senhor a dissuadisse da ideia de transformar o Brasil no próximo Malaui, já seria ótimo. O que é que ela quer? Um brasileirinho pra chamar de seu? Que tal eu? Mas eu tenho consciência de que neste país tem gente precisando (mais do que eu) chamar a Madonna de mamãe. O Caetano Veloso, por exemplo. Por que ele não segura na mão da Madonna e vai? Vai para aquele lugar onde os presidentes são tão maravilhosamente alfabetizados que ele não precisará cair de maduro depois de tropeçar na própria língua. Papai Noel, se a Madonna adotar o Caetano, eu abro mão de qualquer egoísmo e peço apenas bom senso de presente. Bom senso no ano que vem para os salafrários que tiveram a saliência de organizar dois festivais de música no mesmo dia, na mesma cidade e no mesmo horário. Se um festival quer engolir o outro, disfarcem pelo menos, porque o público não tem culpa de o Brasil ser pequeno demais para eles dois.
Tá vendo, Noel? Apesar de tudo, eu consigo amar o próximo de vez em quando, mas, se não for suficiente, bom; aí, velhinho, esquece o videogame, o bom senso e a paz mundial, basta escrever uma carta de recomendação para o coelhinho, porque assim eu garanto pelo menos a Páscoa.
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