Por Miguel Sokol Publicado em 11/07/2011, às 12h33 - Atualizado em 07/12/2011, às 15h14
Luiz Gonzaga é o nosso Robert Johnson, Pepeu Gomes é o nosso Jeff Beck, Raul Seixas é o nosso John Lennon, Chico Buarque é o nosso Bob Dylan, Legião é o nosso Smiths, Paralamas é o nosso Police, Kid Abelha é o nosso Blondie, Restart é o nosso RBD, Detonautas é o nosso U2 - e cada país tem o Bono que merece. Mas quem seria o nosso Charlie Sheen? Afinal não há elenco pop que se preze numa nação sem um artista inconsequente, polêmico e desbocado para nos divertir de vez em quando.
Confesso que venho refletindo sobre tal questão já há algum tempo e, ao divagar, quase pairando, cogitei Maria Bethânia para a vaga, afinal a balbúrdia que ela causou com seu blog milionário não é para qualquer um. Mas a cifra do seu escândalo ainda é pequena para se equivaler às abastadas peripécias do precioso Charlie, que sob juramento, diante de um tribunal, admitiu ter dedicado US$ 50 mil às prostitutas. Imagine quanto ele gastaria em um blog. Bethânia está mais para Willie Nelson, pois sua controvérsia passa pelo (mal) uso do dinheiro público e, veja só, Willie teve lá seus problemas com os impostos nos Estados Unidos.
Outro grande candidato a Charlie Sheen tropical seria o Lobão, exímio criador de balbúrdias, ele ainda teria a seu favor aquela prisão, como o nosso mestre Sheen. Mas Lobão é coerente demais em suas colocações e querer "destronar tudo o que é sagrado" - "sem admitir flacidez da alma" - como o próprio diz, o aproxima muito mais do John Lydon, do Sex Pistols, do que de qualquer outro. Infelizmente.
E então, quando a minha busca desesperada por um Charlie Sheen parecia fracassar, quando a vitória dos coxinhas parecia iminente, apareceu o nosso salvador, ele... (aqui faz-se necessária uma pausa dramática para valorizara revelação, avisando ao leitor que a definição de coxinha encontra-se na edição anterior, RS 56. Agora sigamos com o desfecho) ...Ed Motta! Quem diria? Correndo por fora, ou melhor, pelo Facebook, ele surge; um ácido anticoxinha, um antiácido talvez, distribuindo pauladas gratuitas a torto e a direito, estabanadamente ao melhor estilo Sheen e, como o grande Charlie, pedindo desculpas no final. Lindo! O Brasil ainda não é dos coxinhas, nós temos o nosso Charlie Sheen. Obrigado, Ed. Agora só falta uma parceria com Snoop Dogg e eu estarei livre para me dedicar a outra questão vital como, por exemplo: por que diabos o nosso U2 me apareceu com aquela indecente versão de "Back in Black", do AC/DC, em pleno duomilésimo décimo primeiro abençoado ano de nosso senhor? Por que, meu Deus?!
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