<b>ATITUDE </b> Teló chega junto, não deixa passar - FERNANDO HIRO/DIVULGAÇÃO

VIDAPOP - A Vingança da Testosterona

Miguel Sokol Publicado em 13/02/2012, às 11h56

Bruno Medina, do Los Hermanos, escreveu uma carta aberta e endereçada a Michel Teló. Ninguém mandou o tecladista levantar a bola, agora eu vou cortar. Na tal carta, primeiro Bruno conta que passou o Réveillon ouvindo “Ai Se Eu Te Pego” involuntária e repetidamente. Depois, ele compara a música com a sua “Anna Julia” e gratuitamente ainda enche o Michel – de conselhos intelectuais. Pois é, o Bruno viajou. Tirando o fato de serem hits de proporções doentias, as duas músicas são completamente diferentes, e eu vou dizer no que elas diferem: testosterona!

“Quem te vê passar assim por mim / Não sabe o que é sofrer.” Bastam duas linhas para definir “Anna Julia” como “o grande triunfo da falta da testosterona”, um derrotismo que perduraria no rock brasileiro com a “cornice” juvenil do emo e, depois, com a versão infantil e colorida dele, o happy rock. Um belo par de chifres parecia ser a única coisa capaz de fazer a cabeça dos brasileiros quando, não mais do que de repente, surge isto: “Sábado na balada / A galera começou a dançar / E passou a menina mais linda / Tomei coragem e comecei a falar: ‘Nossa, nossa, assim você me mata.”

Michel Teló é a vingança da testosterona. Com sua cara de Kiefer Sutherland no 24 Horas, ele leva 24 segundos para pegar uma mulher na balada e não tem vergonha de cantar sobre isso. Era o que estava faltando e a prova disso é que todo mundo – literalmente – está dançando aquela coreografia semipornográfica. Bom? Ruim? Não importa. O importante é que a “pegação” sempre será melhor do que a “cornice”, e duvido que você discorde disso. Aliás, a essência da música pop sempre foi a “pegação”. “Formar uma banda para quê? Sexo!” É isso que todo adolescente saudável – ou não – deve pensar. Foi o que todo artista pensou antes de gravar o primeiro disco, eu aposto. De Black Sabbath a Xuxa – sim, a Xuxa! Convenhamos, não há nada mais sexual do que a capa daquele primeiro disco dela.

Música pop é sexo. O resto vem depois. Até o intelectualizado Leonard Cohen sabe disso, como ficou provado em 1993, quando Jools Holland quis saber no seu Later With o que, antes de tudo, levou Leonard a compor. “Me parecia uma boa forma de ganhar o coração das mulheres”, respondeu o cantor, com simplicidade. “E funcionou?”, o apresentador perguntou, debochadamente. “Sim”, retrucou Leonard com mais simplicidade ainda, antes de ser aplaudido.

A propósito, o diálogo acima existe em DVD. Alguém se candidata a dá-lo de presente ao Bruno? Quem sabe, vendo e revendo, ele não entenda que o Michel talvez não precise – e nem queira – negar “Ai Se Eu Te Pego”.

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