Wanessa Camargo grava Dixie Chicks, neutraliza suas emissões de carbono e sabe que não existe classe social para sua música
Por Ademir Correa Publicado em 14/01/2011, às 18h43
Por que você seria vaiada?
Estou aí para dar a cara para bater, sou um ser humano que erra. Acredito que a gente não pode ter medo de viver. Mas é simplesmente impossível ser uma unanimidade. Eu faço um disco tentando atingir os sentimentos porque acho que as pessoas são muito românticas - tenho certeza de que elas entram no quarto, sozinhas, e escrevem bilhetes e cartas de amor. Mas alguns gostam disso e outros não.
Total, seu novo disco, traz uma gravação de "Not Ready to Make Love", das Dixie Chicks. Como escolhe suas versões?
Intuição. O público que me ouve é muito apaixonado, tem atitude, é daqueles que, quando ama, ama mesmo... E, quando ouvi as Dixie Chicks, achei que tinha isso [canta e bate no peito, mostrando a intensidade da canção]. Vejo os brasileiros assim: alma e coração. Somos latinos autênticos, quentes, fogosos, intensos.
Desta vez, você está misturando referências e instrumentos (cordas, zabumba, triângulo, sanfona). Não tem medo de perder público?
Não. Minha música é muito direta - canto como se tivesse falando com você, entende? E isso não depende de classe social. Não existe classe social para a minha música. A gente subestima o público. É o acesso que diferencia o que as pessoas gostam ou não. Com o acesso, elas vão ter a opção de apreciar um Beethoven ou uma Wanessa Camargo. Eu penso nesse acesso, por isso também estou lançando o disco no formato CD Zero. Ele é para um público que pode pagar R$ 9,90, que é mais ou menos o preço de um disco pirata.
Onde você se vê na música?
Não me vejo em um nicho, em uma galera. Desde o começo, já tinha influências norte-americanas, influências latinas, influências da música sertaneja. Não é como acontece no rock, por exemplo, que existe NX Zero e CPM 22. Eles são uma turma, e isso é bom porque faz crescer o mercado.
De que forma explicar a relevância das canções românticas no mundo de hoje?
Não dá para ficar o tempo inteiro tentando resolver as coisas difíceis do mundo. Meu disco chama Total porque ele é pleno em sentimentos. Falo de amor e tem gente que nasceu para amar. O Brasil precisa de músicas sobre outro tema? Precisa. Talvez até faça, talvez não. Como cidadã, escolhi defender o meio ambiente.
Sua consciência mudou muito depois que você virou embaixadora do SOS Mata Atlântica?
Sim. Minha casa é toda feita de forma ecologicamente correta. Precisava fazer minha parte, também poluo.
Vejo você envolvida com a neutralização das emissões de carbono. Por que não radicalizou e fez o encarte de Total com papel carbon free?
Tem a qualidade do encarte, não dá para ser tão radical. Eu me dou ao luxo de fazer algumas coisas [ecologicamente incorretas] porque posso plantar as 700 árvores que preciso para despoluir tudo o que poluo. Na minha casa, o lixo é reciclado, no meu escritório, a gente só usa papel reciclado. E os meus fãs precisam também se conscientizar sobre essa questão. Mudar uma pessoa mais velha é complicado. Sei disso porque foi difícil lá em casa, com a minha mãe e com o meu pai. Desde gastar menos água para lavar o carro até desligar os eletrônicos. Minha mãe não sabia que os aparelhos em stand by gastavam energia - e eles consomem entre 20 e 30% do que você paga no final do mês.
Estamos falando um pouco de vida real. De alguma forma, a exposição da sua intimidade contribui para a sua carreira?
Acho que sim. Tento me colocar no lugar de um público que vai me ver. Tem gente que curte o meu trabalho, mas outros dizem: "Não é o tipo de música que gosto, mas sua personalidade me cativou, gosto das suas respostas". A gente está aqui para fazer o bem, não tenho problema nenhum em admitir que estou feliz. Simplesmente me apavora saber que as pessoas podem ter uma idéia errada sobre mim. Infelizmente, a reputação que tenho não está só nas minhas mãos.
Você é uma estrela?
Não tenho essa postura e detesto quem tem. Não gosto desse "poder" que muita gente quer mostrar e nem existe. Sou despretensiosa, pé no chão. Faço um trabalho público que tem um glamour, mas tem um risco. Você precisa estar preparado para não acontecer.
Uma vez, li uma comparação que dizia que a Sandy era a Britney Spears do Brasil e que Wanessa Camargo seria a Christina Aguilera.
Isso é muito bobo. São artistas completamente diferentes. A Sandy tem uma personalidade, a Britney outra, a Christina outra. A Britney está avacalhando com a carreira dela, mas espero que ela volte porque estava achando incrível aquela fase "Toxic". Da Christina sou fã, não sei como aquele vozeirão sai daquela mulher tão pequena. E tenho muito respeito pela Sandy, é preciso bater palmas para 17 anos de carreira.
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