Adele e Paula Fernandes ajudaram as gravadoras; já o U2 revolucionou as turnês
Steve Knopper, com reportagem complementar de Bruna Veloso Publicado em 05/01/2012, às 13h11 - Atualizado em 09/01/2012, às 15h39
Depois de décadas de pirataria, processos, demissões e fusões, 2011 foi o ano em que a indústria da música finalmente começou a virar o jogo. Demonstrando o poder arrasador de um sucesso mundial, o álbum 21, de Adele, vendeu 14,5 milhões de cópias no mundo todo e ajudou a impulsionar a venda de discos em 3% nos Estados Unidos – algo parecido, proporcionalmente, com o impacto das vendas de Paula Fernandes no Brasil. Mesmo assim, ainda há desastres. A EMI foi vendida para a Universal Music, e demissões e cortes serão inevitáveis. E o aumento em 3% nas vendas ainda deixa o mercado a quilômetros de distância do pico de 2000.
A Salvadora da Pátria
No mercado fonográfico brasileiro, 2011 foi dela. Paula Fernandes passou, em 11 meses, de mera representante feminina no sertanejo a artista de vendagem recorde nos anos 2000: 1,5 milhão de cópias vendidas, em números combinados do CD e DVD Paula Fernandes: Ao Vivo. “O impacto é muito grande, não só no nosso resultado, mas no mercado”, afirma José Éboli, presidente da Universal Music no Brasil. Segundo Éboli, Paula pode ter sido responsável por algo entre 3% e 5% de todas as vendas físicas ocorridas no país no último ano, além de ter tido um grande peso no crescimento do mercado em relação a 2010 (de acordo com o empresário, a ABPD – Associação Brasileira de Produtores de Disco – apontou um aumento de 7% nas vendas só até o mês de agosto). A “magia” de Paula Fernandes fez a alegria não só da gravadora mas de toda a indústria, já que mostra que há, ainda, esperança de boas vendas para o formato físico. Mas Éboli sabe que não dá para esperar que um feito como esse seja constante. “Seria uma ilusão achar que isso vai acontecer de novo daqui a um ano, dois anos ou mesmo achar que ela vai continuar vendendo nesses níveis nos próximos discos”, ele acredita. “Isso é um fenômeno.”
O Ano de Adele
“Quero tocar uma coisa para você”, Adele disse a seu empresário, Jonathan Dickins, depois de deixar o Harmony Studios, em Los Angeles, em 2010. Ela colocou um CD-R de “Someone Like You” no som de seu carro alugado, e Dickins ficou arrepiado. “Eu soube ali que aquela era a melhor canção que ela já tinha composto”, diz ele. “Essa e ‘Rolling in the Deep’ – uma vez que ouvi aquelas músicas, soube que o disco iria bem. Mas eu pensei: ‘Vamos vender 14,5 milhões de álbuns em dez meses’? Não.” O domínio alcançado pelo disco é ainda mais impressionante considerando que Adele havia assinado há apenas cinco anos com a gravadora indie XL. “Não há truque nenhum”, diz o dono da XL, Richard Russell. “Não aconteceu por causa de marketing ou porque ela tuíta mais do que os outros.”
Estrada Mais Livre
Depois de um 2010 decepcionante, o ramo dos shows renasceu em 2011 – graças, parcialmente, à 360° Tour, do U2, que arrecadou US$ 700 milhões, transformando-se na maior turnê de todos os tempos. “Tocando no lugar certo, os artistas não só vendem ingressos e fazem mais dinheiro mas também criam um grande burburinho”, diz Andy Cirzan, vice-presidente de concertos da produtora Jam Productions. E 2012 tem tudo para ser um grande ano, com turnês de astros como Rolling Stones, Madonna, Beach Boys, Chico Buarque, Los Hermanos, Lady Gaga e Adele.
Nova Plataforma
Apesar de não ser a primeira loja virtual de música no país, o início das atividades da iTunes Store Brasil, em 13 de dezembro, teve impacto. A força da marca ainda se associa aos produtos da Apple, dando simpatia imediata a algo que ainda não costumamos fazer: pagar por música na internet. “A expectativa é muito grande. O iTunes, onde entrou, dominou o mercado”, afirma José Éboli, da Universal. “Brasileiro é louco por tecnologia. Não tenho dúvida de que o iTunes será um grande acontecimento no Brasil.” Até o fechamento dessa edição, Adele e Michel Teló figuravam no topo da lista das músicas mais vendidas da loja da Apple no Brasil.
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