Red Hot Chili Peppers contou com Danger Mouse para compor algumas das melhores músicas da banda em anos
Andy Greene Publicado em 17/07/2016, às 00h34 - Atualizado em 19/07/2016, às 00h22
No começo de 2015, o futuro parecia promissor para o Red Hot Chili Peppers. Depois de um ano compondo, a banda tinha uma leva de músicas novas das quais se orgulhava. O guitarrista, Josh Klingho er, que entrou para o grupo em 2010, estava assumindo um papel maior na composição e tinha desenvolvido uma química própria com os outros integrantes.
Então, o líder, Anthony Kiedis, e o baixista, Flea, viajaram até Montana para praticar snowboard. “Estávamos descendo a montanha a uns 80 quilômetros por hora quando simplesmente capotei”, conta Flea. “Meu braço começou a inchar na hora. Fraturei em cinco lugares. Pedaços enormes de osso
foram lascados.”
Flea conseguiu descer a montanha de snowboard e entrou na ambulância. Passou por uma cirurgia para reparar danos nos nervos, seguida por seis meses de reabilitação. O álbum foi para a gaveta enquanto ele lutava para retomar a destreza para interagir com seu instrumento. “Fui tocar uma nota fácil e a dor subiu pelo meu braço”, lembra. “Tentei tocar as coisas mais simples e minha mão não obedecia. Senti que decepcionei todo mundo, porque não podíamos trabalhar no disco.”
O RHCP usou o tempo parado para repensar o processo criativo do grupo. Os integrantes procuravam uma mudança radical depois de I’m with You (2011), uma decepção comercial. “Estávamos começando a fazer as mesmas coisas que sempre fizemos”, conta Flea sobre as sessões para o álbum. “Eu sabia o que faríamos antes mesmo de fazermos.” Por isso, eles tomaram uma grande decisão: desta vez, não trabalhariam com Rick Rubin, que produziu todos os álbuns da banda desde Blood Sugar Sex Magik (1991). Em vez disso, recrutaram Brian “Danger Mouse” Burton, cuja abordagem psicodélica influenciada
pelo hip-hop deu nova vida aos sons de Black Keys, Beck e U2. “Brian disse: ‘Amo as músicas de vocês e posso ajudar a melhorá-las’”, conta o baterista, Chad Smith.
Enquanto o estilo de Rubin tinha sido basicamente de deixar rolar – “Ele não gosta de passar tanto tempo no estúdio”, diz Smith –, Burton ficava na labuta por horas, pedindo à banda que compusesse músicas com ele do zero. “Sentava ali das 11 da manhã às 11 da noite. Tem um bronzeado de estúdio, como dizem”, brinca Smith. Embora o RHCP estivesse acostumado a fazer jams em uma sala durante horas até sair uma música, Burton orientou os integrantes a compor
fazendo camadas de instrumentos separadamente sobre bases pré-gravadas de bateria. “Hesitei muito”, afirma Flea. “Não queria perder a grandiosidade, nossa identidade bruta e espontaneidade.”
Muitas das novas músicas falam de desilusões amorosas. “The Getaway” é sobre como aprender a lidar com a solidão e “Dreams of a Samurai” trata da separação de uma mulher “jovem demais para ser minha esposa”. Pode não ser coincidência que Kiedis tenha supostamente terminado com a namorada, Wanessa Milhomem, no ano passado. “Diria que boa parte dele é sobre relacionamentos”, afirma Smith. “Você parte o coração de alguém e...” Kiedis ainda relembra o tipo de música que ouvia quando era jovem na incendiária “Detroit”, citando de Stooges a J Dilla. “O refrão é um dos meus preferidos que já fizemos. O Josh detona nessa faixa”, afirma Flea. Klingho er entrou para a banda depois que seu mentor musical, John Frusciante, saiu para se concentrar na carreira solo. “Quando gravamos I’m with You [com Josh], nem tínhamos feito show com ele”, relata Flea. “Agora, depois de cinco anos na estrada e 1 milhão de brigas e declarações de amor, realmente estabelecemos nossa própria linguagem.” Nos shows, Klingho estimulou a banda a tocar faixas esquecidas de seu catálogo, incluindo o hit funky pop de 1995 “Aeroplane”, do único disco com Dave Navarro na guitarra. “Também trabalhamos ‘My Friends’ daquele álbum bastardo”, conta Smith. “John nunca se sentiu conectado àquele disco. O Josh diz: ‘Não me importa, cara, gosto dele’.”
Em julho e agosto, o RHCP se apresenta no circuito de festivais europeus antes de sair em uma turnê pelo mundo. Kiedis e Flea continuam tão amigos quanto eram quando começaram a tocar juntos na época de escola, em Los Angeles, no fim dos anos 1970. Além de viagens para praticar snowboard, frequentemente surfam e vão a jogos do time de basquete Lakers juntos. “Ele é a porra da minha alma gêmea”, afirma Flea. “Nossa relação é como um estudo psicológico esquisito. É quase como um ímã de polos norte e sul. Eles meio que se repelem, mas têm de estar juntos para que a Terra viva.”
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