Sempre na vanguarda, Madonna tenta quebrar mais um preconceito
Redação Publicado em 17/04/2015, às 19h01 - Atualizado em 21/04/2015, às 16h00
Julianne moore e patricia arquette não são mais duas garotinhas, mas ainda estão bem longe da idade de empacar a fila do restaurante self-service: “Mocinho, isto é um palmito ou um rondele?”
Nem lá nem cá, as duas estão exatamente na idade do desprezo hollywoodiano, velhas demais para serem vistas como símbolos sexuais e jovens demais para serem tratadas como instituições do cinema. Por isso me admira o fato de elas terem vencido as duas categorias femininas do Oscar deste ano. Para não dizer que se tratou de um milagre, eu digo que é a famigerada Academia se eximindo da culpa por não oferecer trabalho às atrizes dessa faixa etária. Ou você tem visto a Geena Davis no cinema? Rebecca De Mornay? Jamie Lee Curtis? Bridget Fonda?
Na música, a agrura feminina é a mesma. Daqui a 20 anos, quantas Taylor Swifts ou Miley Cyrus ou Katy Perrys estarão na ativa e na mídia? Pergunte a Cyndi Lauper, ela sabe bem a resposta.
É por isso que Madonna, como Julianne Moore e Patricia Arquette, já merecia um troféu só por ainda estar aí.
Eu arrisco dizer que o segredo da longevidade da rainha do pop, para tristeza da mulherada em geral, não é cartilagem de tubarão, BB cream ou creme de veneno de cobra. Madonna chegou até aqui porque soube se cercar de gente interessante. Parece menosprezo, mas saber escolher pode se tornar uma tarefa bastante complicada à medida que a idade avança, vide Tony Bennett optando pela Lady Gaga.
Ao longo dessas três décadas de escolhas mais certas que erradas, Madonna só não quebrou todas as barreiras possíveis porque ainda falta uma, a última: a da idade. Por que Mick Jagger e Prince podem rebolar dentro de uma calça colada e Madonna não?
Como a própria disse em entrevista à Rolling Stone: “Se tiver de ser eu a pessoa que abre a porta para as mulheres acreditarem, entenderem e abraçarem a ideia de que podem ser tão bonitas aos 50 ou 60 anos quanto eram aos 20, então serei essa pessoa”.
Para tanto, Madonna terá de afi ar o poder de escolher gente interessante, porque Diplo, um dos produtores do seu disco novo, convenhamos, é um Borba Gato da música eletrônica: leva música “exótica” de países subdesenvolvidos em troca de espelhinhos.
Já pensou se Madonna se associasse ao Sleater-Kinney para um disco de baixo, guitarra e bateria? Eu já: ela se reinventaria de verdade, como já fez tantas vezes, e ainda levaria o juvenil Girl Power ao novo, legítimo e necessário Woman Power.
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