O rapper Gustavo Black Alien anuncia disco de inéditas para 2015 - Paulo Peixoto

Após hiato de dez anos, Black Alien lança single emblemático e anuncia disco de estúdio

"Terra" tem produção de Alexandre Basa e foi escrita quando o rapper estava em um retiro

Redação Publicado em 18/12/2014, às 20h55 - Atualizado em 19/12/2014, às 11h44

Por Luciana Rabassallo

“’Terra’ é uma canção de amor ao planeta e, em consequência, aos seres humanos”, é assim que o rapper fluminense Gustavo Black Alien define o novo single dele, lançado oficialmente durante um show no Cine Joia, em São Paulo, na noite desta quarta, 17.

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A faixa estará no segundo álbum solo dele, Babylon by Gus vol. 2 - No Princípio Era o Verbo, com previsão de chegar às ruas no primeiro semestre de 2015. Produzido por Alexandre Basa, a inspiração para “Terra”, que você pode ouvir abaixo, surgiu quando Black Alien ouviu uma música do rapper norte-americano NAS sobre a "Mãe Natureza".

“Eu estava em um retiro na praia de Itamambuca [litoral norte de São Paulo] quando pensei em escrever uma ficção em que seres humanos, consciente de suas vidas passadas, fazem uma aliança com seres extraterrestres, espiritualmente elevados e tecnologicamente evoluídos, para uma intervenção na Terra”, conta Gustavo Black Alien em entrevista exclusiva ao blog Cultura de Rua.

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Na canção, o rapper faz um alerta para fatores que espalham o caos por aqui como, por exemplo, “a manipulação indiscriminada de uranio, que atrapalha o equilíbrio do cosmos”. A nova faixa também é um reflexo do momento de tranquilidade que ele atravessa na vida pessoal: “Quando eu canto ‘procure a nossa semelhança e não a nossa diferença’, é uma frase que mostra como eu estou encarando a vida agora”.

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“Antes eu procurava as diferenças nos meus semelhantes e isso gerava atritos, hoje eu procuro as semelhanças”, conta, antes de acrescentar: “Isso me traz paz”. O novo trabalho de Gustavo será lançado 11 anos após Babylon by Gus – Vol. I – O Ano do Macaco, debut solo do músico, que saiu em 2004. Em setembro deste ano, o blog Cultura de Rua falou com Black Alien sobre o décimo aniversário do disco. Relembre a entrevista abaixo.

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Black Alien, que comemora dez anos do clássico Babylon by Gus, vê evolução no rap nacional

Há dez anos Babylon by Gus – Vol. I – O Ano do Macaco, primeiro disco solo de Gustavo Black Alien, foi lançado. Com faixas como “Mister Niterói”, “From Hell do Céu” e “Estilo do Gueto”, o álbum é considerado um clássico e está na lista dos melhores trabalhos do hip-hop nacional. “Eu só queria fazer um disco, nunca passou pela minha cabeça fazer sucesso ou, simplesmente, fracassar”, conta o rapper.

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“O que eu queria mesmo era esvaziar minha gaveta de guardados”, afirma Black Alien. Apesar dos elogios da crítica especializada, Babylon by Gus – Vol. I – O Ano do Macaco não foi um sucesso comercial, como conta o músico: “Em um país com de 200 milhões de habitantes, vender 50 mil cópias não é muita coisa”. O fato, porém, não apaga os méritos do clássico.

Para ele, um dos destaques do trabalho é a conotação atemporal: “Acho que há uma conjunção astral que faz com que o disco fique cada vez mais atual. Sempre que eu paro para ouvir o álbum, descubro coisas diferentes. Não mudaria absolutamente nada nele. É como um filho para mim”. Escrito e gravado em 55 dias, Babylon by Gus – Vol. I – O Ano do Macaco foi lançado em uma época não tão criativa do hip-hop nacional, como pondera Black Alien. “Os MCs brasileiros copiavam o flow dos gringos e traduziam as letras como se eles tivessem composto”.

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O rap brasileiro, segundo Gustavo, ainda não tinha uma identidade: “Também rolava um receio em falar sobre amor. Grande parte das letras eram sobre a violência, a polícia e as brigas entres os MC’s ou entre os coletivos. Hoje, evoluímos muito nesse sentido. O fato do Brasil ter entrado na rota de turnês de artistas interacionais de hip-hop fez com que os artistas buscassem melhorias. As letras hoje falam sobre temas mais amplos como política, amizade e problemas do nosso cotidiano”.

Black Alien avalia o momento do rap no Brasil com uma simples comparação da música que ele costuma consumir: “Há dez anos, se eu ficasse o dia inteiro em casa ouvindo discos de hip-hop, eu teria uma média de 20 álbuns. Destes, 16 eram de rap gringo e quatro de rap nacional. Hoje, se eu fizer a mesma coisa, a proporção é inversa: ouço 16 álbuns nacionais e apenas quatro de gringos. Falo disso com orgulho, pois sei que, ao lado de outros nomes que têm mais de uma década de carreira, fui um pouco responsável por essa mudança”.

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Desde Babylon by Gus – Vol. I – O Ano do Macaco, o ex-integrante do Planet Hemp não conseguiu mais lançar um álbum completo. O hiato, contudo, deve acabar em breve. “Estou fazendo um disco novo com muito carinho e cuidado. Apesar de ser um trabalho bem solar, ele ainda conta com alguns temas pesados. A grande diferença deste para o primeiro são as participações em vocais e letras.”

Enquanto o trabalho não fica pronto, o Mister Niterói, como é conhecido, tem visto shows e se inspirado na nova geração do rap: “O que mais tem me influenciado são as poucas apresentações que tenho visto de nomes como Flora Matos, Rael, Don L, Kamau e Rodrigo Ogi, além de KL Jay e Nuts, que são os meus DJ’s preferidos”.

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