Issa Paz e Dory de Oliveira no clipe de "Anarquia Plena". - Redação/Vídeo

Issa Paz e Dory de Oliveira lançam um emblemático clipe gravado em escola ocupada

A canção "Anarquia Plena" questiona as prisões mentais e os preconceitos que elas geram

Luciana Rabassallo Publicado em 02/12/2015, às 13h25 - Atualizado às 15h37

Por Luciana Rabassallo

As rappers Issa Paz e Dory de Oliveira nasceram e cresceram na periferia de São Paulo. Issa tem 23 anos, mora na zona norte e estudou no Colégio Estadual Padre Antônio Vieira. Dory tem 30 anos, vive na zona leste e frequentou as aulas da Escola Estadual Hermínia de Andrade Pfuhl Neves. Elas são um verdadeiro retrato das minorias: mulheres, periféricas, negra, gay e fraquentaram escolas da rede pública de ensino.

São a voz de uma geração que foi educada aos trancos e barrancos em escolas sucateadas, com professores despreparados e mínimas condições de limpeza. Apesar de todos esses pontos desfavoráveis, Issa e Dory foram capazes de superar as dificuldades, desenvolveram um sólido senso crítico e lutam, através da poderosíssima ferramenta sonora que é a música, por todas as minorias que representam.

Na última semana, Issa foi a uma das 200 escolas do estado de São Paulo (este é o número informado pela Secretaria de Estado da Educação; o Sindicato dos Professores fala em 205) ocupadas por estudantes que protestam contra o novo plano de edução da gestão Geraldo Alckmin para demonstrar apoio e fazer uma apresentação. Foi então que teve a ideia de gravar um clipe para a canção "Anarquia Plena", na qual ela e Dory questionam as prisões mentais e incentivam a quebra de preconceitos como uma maneira de desenvolver uma sociedade igualitária.

"Eu tive um insight de que a letra de 'Anarquia Plena' se encaixa perfeitamente nesse momento histórico que vivemos quando eu fui até a escola e vi a organização dos alunos. A forma como eles estão vivendo e lutando pelo o que acreditam", conta Issa Paz em entrevista ao blog Cultura de Rua, espaço dedicado ao hip-hop nacional no site da revista Rolling Stone Brasil. Com medo de uma possível repressão, a dupla optou por não divulgar o nome da escola em que o vídeo foi registrado.

"Rodamos tudo em uma escola da zona norte, mas os alunos da ocupação pediram para que o nome do colégio não seja revelado. Eles querem garantir a integridade pessoal da escola e também a integridade física deles. A repressão, principalmente nos colégios da periferia, é cruel. É por conta desse medo da repressão que todos os jovens que participam do vídeo estão com os rostos cobertos. Nós não sabemos o que pode acontecer daqui para frente."

Um comunicado divulgado pelas rappers salienta que a intenção do vídeo é questionar todo e qualquer tipo de pensamento imposto pela sociedade. "Anarquia Plena" denuncia o Estado e o sistema de educação brasileiro que, ao invés de educar, orientar e desenvolver um senso crítico nos alunos, acaba restringindo o direto de questionar e aliena milhões de jovens. "O nosso grande intuito é dar visibilidade para uma luta mais do que legítima."

"É preciso repensar o método de ensino, é preciso ocupar todos os espaços público e privados em prol da comunidade, do povo e da liberdade! A luta continua cada vez mais firme contra a opressão do Estado e de tudo que possa atrasar nossa evolução!" Com a palavra, Issa Paz, Dory de Oliveira e cada aluno, professor, mãe, pai e cidadão que luta para que os jovens brasileiros tenham uma educação de qualidade.

CONTRA A REORGANIZAÇÃO ESCOLAR - ALUNOS RESISTEM!

Issa Paz e Dory de Oliveira, foram até uma das escolas ocupadas em São Paulo para gravarem o clipe do som Anarquia Plena.Com a finalidade de questionar todo tipo de pensamento que é imposto ao nosso consciente, o som Anarquia Plena, reflete em prol da liberdade de pensamentos, de ideias, da autonomia do raciocínio e do autodomínio.Que cai como uma luva em uma crítica ao papel do Estado e Sistema na educação e ensino das crianças e jovens, que ao invés de educar e orientar, doutrina e aliena restringindo o direito de questionar e raciocinar para formação de opinião própria!Além disso, o clipe dá visibilidade para uma luta legítima! Em novembro de 2015 milhares de alunos se levantaram contra uma decisão do governo de São Paulo de fechar quase 100 escolas, mudando a vida de pais, estudantes e profissionais da rede de ensino. Já são quase 200 escolas ocupadas por todo estado de SP até então, e os numeros só crescem!Toda essa mobilização põe em cheque o governador Geraldo Alckimin, que reeleito no primeiro turno, manda e desmanda em benefício próprio, causando desastres em vários meios de gestão, com uma política fascista e elitista! Issa Paz e Dory de Oliveira dão espaço a essa luta. O clipe e a música se posicionam junto com os alunos! É preciso repensar o método de ensino, é preciso ocupar todos os espaços público e privados em prol da comunidade, do povo e da liberdade! A luta continua e cada vez mais firme, contra a opressão do Estado e de tudo que possa atrasar nossa evolução! CONTRA A DESORGANIZAÇÃO ESCOLAR E O GOVERNO FASCISTA DE GERALDO ALCKIMIN, PELA ANARQUIA 

Posted by Issa Paz on Terça, 1 de dezembro de 2015

Sobre o movimento de ocupação das escolas em São Paulo

Desde o anuncio da reorganização de escolas da rede estadual de ensino, alunos, professores e pais têm se mobilizado e protestado contra o fechamento de 93 escolas e a transferência de 311 mil estudantes. A medida pode gerar superlotação das classes e queda da qualidade do ensino, alegam os jovens. Como parte das manifestações, diversas escolas estão ocupadas por alunos - segundo a Secretaria de Estado da Educação são 200 colégios; o Sindicato dos Professores fala em 205).

Nesta terça-feira, 1º, o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) um decreto que autoriza a transferência de funcionários da Secretaria da Educação de uma escola para outra dentro do programa de reestruturação da rede estadual de ensino. Em apoio aos manifestantes, o meio artístico está se mobilizando para apoiar a luta dos alunos paulistas contra o plano de reorganização da rede pública estadual de ensino e, no próximo final de semana, músicos iniciantes e consagrados devem participar da Virada Ocupação.

Paulo Miklos, Edgard Scandurra, Maria Gadú, Tiê e Criolo são alguns dos nomes já confirmados no evento, que acontecerá no próximo domingo, 6, e na próxima segunda-feira, 7. Os colégios em que os shows serão realizados serão revelados apenas no dia das apresentações, pela página no Facebook da Rede Minha Sampa.

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