Rapper lançou recententemente as canções “Malandragem é Viver” e “Respeito é Pra Quem?”
Luciana Rabassallo Publicado em 12/05/2015, às 17h44 - Atualizado às 20h53
Por Luciana Rabassallo
Thaíde é um dos maiores nomes do hip-hop nacional não apenas pela obra musical, mas também por levar o gênero ao rádio e à televisão. Na telinha, ele substituiu KL Jay no comando do Yo! MTV Raps, posteriormente apresentou o Manos & Minas, da TV Cultura, e emprestou a voz ao Metro Black, da rádio Metropolitana. No Globo, o rapper interpretou o personagem Marcelo Diamante na série Antônia. Atualmente é um dos repórteres da série A Liga, da TV Bandeirantes.
Entre as aparições na televisão e no rádio, Thaíde lançou sete discos de estúdio, sendo seis deles em parceria com o lendário DJ Hum. A primeira aparição da dupla foi na coletânea Hip-hop Cultura de Rua, de 1998, com as canções "Corpo Fechado" e "Homens da Lei". Vale ressaltar que esse é o primeiro registro de rap lançado no Brasil do qual também fazem parte MC Jack e Código 13. Uma semana após o LP chegar às lojas, foi a vez de Consciência Black, Vol. I. evidenciar nomes como Racionais MC's e Sharon Line.
O sucesso de "Corpo Fechado" e "Homens da Lei", ambas produzidas por Nasi e André Jung, do Ira!, destacou a dupla dos demais representantes do recém-nascido rap feito em São Paulo. Em 30 anos de carreira, Thaíde é reconhecido por canções como "A Noite", "Afro Brasileiro" e "Senhor Tempo Bom". Em 2004 chegou às prateleiras o livro Pergunte a Quem Conhece: Thaíde, que retrata a trajetória do músico da periferia de São Paulo ao selo Brava Gente, que produziu nomes importantes na cena local. Agora, ele se prepara para lançar o segundo disco em carreira solo e compartilhar com as letras que marcaram as três décadas de estrada em um livro.
Do novo registro, ainda sem nome ou data de lançamento, já chegaram aos ouvidos fãs as canções “Malandragem é Viver”, que fala sobre traficantes, polícia e os políticos corruptos, e “Respeito é Pra Quem?”, um desabafo pessoal de Thaíde. Em entrevista ao blog Cultura de Rua, espaço dedicado ao hip-hop nacional no site da revista Rolling Stone Brasil, o músico falou a respeito da nova fase da carreira dele. Leia a entrevista abaixo:
O que podemos esperar se seu novo registro de estúdio?
Thaíde: Geralmente acabo mudando o rumo de uma ou outra música, mas podem esperar a sinceridade de sempre.
Qual a real história por trás de "Respeito é Pra Quem?". Como surgiu a letra?
Thaíde: Quem nunca se deparou com alguém que, de alguma maneira, quer te atrapalhar e atrasar a sua caminhada? Pra algumas pessoas, você só é legal quando está na mesma situação do que ela. A partir do momento em que você melhora a sua condição, acaba se tornando "persona non grata". Esse tipo de gente não corre atrás das suas próprias coisas e quer que você resolva os problemas dela. O que posso fazer? Continuar na minha caminhada. É o que eu faço.
Qual será o conteúdo do livro comemorativo de 30 anos de carreira?
Thaíde: Será um livro com 30 letras. Elas serão escolhidas por significado e não apenas por sucesso comercial. Espero que vocês gostem.
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Com 30 anos de hip-hop na bagagem, quais foram as coisas que moldaram a cultura de rua nessas três décadas?
Thaíde: Eu vi as primeiras cores do grafite, a evolução do break da rua para os palcos e bons DJs se tornando ótimos produtores. Eu vi e ouvi o rap falando a verdade em um momento em que quase tudo era uma grande mentira. Acompanhei o nascimento da cultura hip-hop no Brasil.
Quais foram as coisas mais marcantes e as que devem ser esquecidas no cenário do rap nacional?
Thaíde: Uma das mais marcantes foi ver jovens de todos os cantos da cidade e do paí, se organizando e formando as famosas "posses", que eram aglomerados de pessoas que colocavam a cultura local pra acontecer. A partir delas surgiram poetas, professores, profissionais e multiplicadores da cultura hip-hop. Acho que nada deve ser esquecido. Nem as coisas boas e muito menos as coisas ruins. Nós aprendemos e evoluímos com erros e acertos.
Como você avalia o momento político que vivemos? De qual lado da "rixa política" você se posiciona?
Thaíde: Eu sou esquerda na política e no candomblé.
Para você, é possível um rapper ser de "direita"? Não seria uma grande contradição com o que prega o movimento?
Thaíde: Não se faz política sem democracia. Acredito que se um rapper quer ser de direita política, é um direito dele. Mas acho que ficar ofendendo esse ou aquele político não leva a nada. Apenas aumenta a falta de respeito.
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