Rapper mostrou faixas dos discos Ainda Há Tempo e Nó na Orelha
Luciana Rabassallo Publicado em 17/09/2014, às 18h44 - Atualizado às 19h23
Por Luciana Rabassallo
“Que a minha música possa te levar amor.” A letra de “Ainda Há tempo”, single do disco de mesmo nome lançado pelo rapper Criolo em 2006, retrata perfeitamente o desejo do cantor e compositor quando ele pisa no palco. Acompanhado apenas pelo DJ Marco e pelo backing vocal Dan Dan, Criolo foi o escolhido para encerrar a 13ª edição do Festival Vaca Amarela, no domingo, 14, em Goiás.
Ao ouvir a introdução de “Mariô”, o público que lotava o Jaó Music Hall aglomerou-se em frente ao palco principal do evento na expectativa de um grande show. Enquanto isso, Criolo ouvia a agitação da plateia escondido em um canto do backstage, envolto em um misto de concentração e prece silenciosa. Quando chegou a vez dele de entrar em cena, a calma transformou-se rapidamente em uma explosão musical.
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Usando um boné estampado com o nome do grupo paulista Haikaiss, Criolo mostrou o single “Duas de Cinco”, lançado em outubro de 2013, que usa um sample de “Califórnia Azul”, canção do multi-instrumentista Rodrigo Campos. Na sequência, foi a vez de “Cóccix- Ência”, também divulgada no último ano como parte do EP Duas de Cinco, e que conta com produção de Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral.
Para quem esperava uma apresentação pautada no repertório do disco Nó na Orelha, trabalho de canções que levou a música de Criolo ao grande público e foi eleito o melhor disco nacional de 2011 pela revista Rolling Stone Brasil, a surpresa foi grande. O rapper escolheu as rimas mais pesadas de Ainda Há Tempo para agitar a noite e fez um show no melhor estilo “Criolo Doido”, nome artístico que ele usava antes da fama. Nos bastidores, os rumores davam conta de que a escolha de canções com rimas rápidas e pesadas representa um retorno do músico ao rap. Segundo os mais otimistas, Criolo surpreenderá os fãs com um álbum de rap e deve deixar de lado a sonoridade eclética que adotou em Nó na Orelha.
Em “Sapatinho”, que fala sobre as dificuldades de ser um artista independente, uma homenagem ao Sabotage, rapper morto em 2003, levou o público ao delírio. Na sequência, vieram a forte “É o Teste” e o beat contagiante de “Lion Man”. No momento dub/reggae do show, Criolo e Dan Dan exibiram uma bandeira com a imagem de Bob Marley e fizeram um mix de “Samba Sambei” com “Aonde Vai Chegar”, da banda Ponto de Equilíbrio, e “Falador Passa Mal”, dos Originais do Samba.
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Após o hit “Subirusdoistiozin”, Criolo e Dan Dan saíram de cena para retomar o fôlego e o espetáculo ficou por conta do DJ Marco, também conhecido por acompanhar a cantora Céu, que mostrou toda a habilidade dele nas carrapetas. No retorno ao palco, a dupla foi acompanhada pelo grupo Haikaiss, que cantou uma faixa própria, e pela cantora Flora Matos, que mandou uma rima desconcertante em cima da base do coletivo paulistano.
O clima de encontro entre amigos tomou conta da apresentação e incendiou (ainda mais) a plateia. Contudo, ainda estavam por vir as conhecidas “Sucrilhos” e “Vasilhame”, além de uma participação do rapper goiano Ivo Mamona, que mostrou a canção “Na Periferia”. Criolo deixou de lado os discursos com tom “proféticos” que estávamos acostumados a ver nos shows da turnê Nó na Orelha, e deu espaço aos convidados especiais. A atitude do rapper em mostrar o trabalho dos colegas de profissão no próprio show é mais uma das muitas demonstrações de humildade que ele deu durante a passagem por Goiânia.
Com os olhos marejados e ainda sem acreditar que dividiu o palco com o ídolo, Mamona acompanhou de perto a execução da faixa “Ainda Há Tempo”, que veio para coroar um show histórico. Em meio a acusações de plágio e a tensão de produzir um novo disco, Criolo traduziu com perfeição a letra da canção mais emocionante da discografia dele em uma hora e meia de apresentação. Aparentando não se importar com as críticas, a missão que o rapper prega na letra da faixa foi cumprida: que a música possa levar amor. Ainda há tempo para o rap.
Veja o setlist completo abaixo:
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