Por Robie R. Publicado em 29/11/2011, às 19h27 - Atualizado em 23/05/2012, às 14h37
Por Robie R.
Carioca da gema, compositor precoce, genial letrista, escritor, poeta e dramaturgo. Suas músicas foram gravadas pela nata da MPB. Parceiro de Pixinguinha, Baden Powell, Tom Jobim, Edu Lobo, Francis Hime, João de Aquino, Dori Caymmi, Ivan Lins, Mauro Duarte, João Nogueira, Eduardo Gudin, Guinga, Toquinho, Sergio Santos, Lenine e mais uma penca que não caberia neste post. Vencedor de festivais e ganhador de prêmios de grande relevância. Compositor de trilhas feitas para teatro, cinema e televisão. Produtor também de trabalhos dedicados apenas ao público infantil. Já passou da casa dos 60 anos, tem mais de 40 de carreira e continua a todo vapor.
Como falar de uma lenda viva em poucas linhas? Atrevo-me a fazer um miniperfil, dar leves pinceladas e tentar traçar um pequeno esboço sobre Paulo César Pinheiro. Para os interessados em conhecer sua obra a fundo, recomendo A Letra Brasileira de Paulo César Pinheiro, biografia escrita pela jornalista Conceição Campos, um livro de 416 páginas.
Paulo César Francisco Pinheiro nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 28 de abril de 1949. Iniciou sua carreira de poeta ainda menino. Aos 14 anos, compôs com João de Aquino a linda música “Viagem”, que foi gravada por inúmeros intérpretes. Aos 16 anos, teve início sua parceria com Baden Powell (para muitos, o melhor violonista da história da Música Popular Brasileira) e, na época, ao lado de Tom Jobim, era considerado o expoente maior da nossa música.
Sua primeira canção gravada foi o samba “Lapinha”, composta junto a Baden, interpretada por ninguém menos que Elis Regina. O samba foi classificado em primeiro lugar em 1968 na I Bienal do Samba da TV Record, na qual concorreu com várias feras, como Cartola, Nelson Cavaquinho, Pixinguinha, Chico Buarque e outros bambas. Paulinho, forma como é carinhosamente chamado pelas pessoas mais próximas, tinha apenas 18 anos ao faturar esse primeiro prêmio.
Suas principais intérpretes no início de carreira foram Elis Regina, Elizeth Cardoso (conhecida como A Divina) e Clara Nunes - a primeira mulher no Brasil a vender mais de 100 mil cópias de um disco e com quem Paulo César Pinheiro foi casado por oito anos, até a trágica morte da cantora.
Até hoje, Paulo César Pinheiro foi gravado por mais de 500 intérpretes e tem mais de 1.100 músicas registradas em discos. Se somadas às inéditas, podem ser contabilizadas mais de duas mil canções.
Ele é considerado o letrista mais importante do Brasil por uma série de fatores: sua vasta obra, que é de uma qualidade que só os grandes mestres possuem; suas músicas, que foram gravadas pelos mais importantes intérpretes do Brasil; seus parceiros, que são o time titular da seleção de craques da MPB. Sem contar as músicas que faz sozinho (letra e melodia).
Neste gigantesco universo musical, Paulo César Pinheiro tem preferência por uma, entre as suas milhares de crias. “Pesadelo”, dele e de Maurício Tapajós é a sua favorita. Cansado de criar metáforas, fazer e refazer letras para serem aprovadas pela censura, no período mais bravo da ditadura militar, Paulinho decidiu escrever uma letra que fosse diretamente ao ponto, sem rodeios. A música acabou passando pela censura e foi usada pelos guerrilheiros, no início dos anos 70, como hino para motivar e levantar a moral daqueles que lutavam contra a ditadura. Tornou-se um canto de guerra. O grupo MPB-4, corajosamente, foi quem primeiro gravou esse afrontamento ao governo militar. Preste atenção na letra, cantada pelo próprio Paulo César Pinheiro, em um show ao vivo:
A letra do samba “O Poder da Criação”, de Paulo César Pinheiro e João Nogueira, ilustra bem uma das facetas desse divino compositor, que é capaz de colocar letra em qualquer estilo musical do rico repertório existente no Brasil. O vídeo abaixo homenageia importantes personagens ligados ao samba. Alguns deles parceiros e/ou intérpretes de Paulo César Pinheiro. Assista ao vídeo e escute a faixa na voz de Chico Buarque:
O leitor pode estar se perguntando de que forma tal ser humano se tornou uma verdadeira usina de produção. Paulo César Pinheiro assume que nasceu com um dom. Além disso, desde a infância até os dias de hoje, cultiva o hábito de sentar-se diariamente em frente a uma folha de papel em branco. Talvez seja essa a fórmula para entender o poder da criação.
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