Faixa faz parte do primeiro disco da jovem cantora mineira, Ômega III
Lucas Borges Publicado em 21/10/2015, às 10h55 - Atualizado às 10h59
Por Lucas Borges
A agradável fala ao telefone não bate com o que diz Sara Braga, autodenominada Sara Não Tem Nome, sobre ela mesma. Definição essa resumida em "Solidão", faixa do primeiro disco da mineira, Ômega III. O clipe da canção estreia nesta quarta-feira, 21, no blog Sobe o Som.
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Tampouco condiz com a sonoridade triste da jovem artista de 22 anos a forma como ela estreou seu álbum: em uma quente noite de setembro no Red Bull Station, capital paulista, colorida por um collant azul e cheia de energia.
"Hoje em dia não estou tão fechada. Antes chegava a me incomodar pessoas muito felizes, agora até consigo ver algo bom nas coisas. Talvez por estar em um ambiente diferente", esclarece Sara Não Tem Nome, natural de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. "É uma cidade industrial, tudo meio decadente, não conseguia perceber outras realidades lá. Depois de conhecer outras pessoas as coisas foram se ampliando."
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Há anos acumulando músicas publicadas no Youtube e no SoundCloud, ela decidiu em 2015 que já havia passado da hora de gravar um álbum. Inscreveu-se em um projeto da Red Bull em São Paulo, onde se juntou aos integrantes da banda BIKE para um registro "bem melancólico e meio minimalista."
"Esse disco fala bem mais da minha adolescência em Contagem, na época que tinha vários dilemas da cidade. Não tinha investimento para arte, cultura, as pessoas eram muito diferentes de mim. Era uma fase que eu estava muito desiludida das coisas. Vários amigos já não eram mais amigos porque tinham ido para a igreja e não conversavam mais comigo", define. "Engraçado até lançar ele agora que eu não estou de certa forma vivendo esses dilemas, mas a sociedade está em um momento interessante para absolver essas músicas."
Assista ao videoclipe de “Solidão”:
O clipe de "Solidão", Sara explica, tenta exprimir ao máximo as sensações da adolescência. As imagens foram feitas em Paranapiacaba, no limite entre o Planalto Paulista e a Serra do Mar, durante a maioria do tempo um lugar nublado e chuvoso. Excepcionalmente, no dia da gravação fazia sol e o céu estava claríssimo, mas a impressão desejada se faz passar.
Vídeo e fotografia são parte da criação artística da cantora, formada em artes visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais. Dos tempos de faculdade em BH vem a curiosa alcunha da mineira, fruto da desilusão com um meio que Sara julgava ser vanguardista e que no final se mostrou mais do mesmo. "Em uma aula uma professora pegou a lista de chamadas e começou a dizer os nomes. Sempre que vinha nome latino, 'de pobre', não era nome de artista, tinha que ter algo em alemão, alguma coisa assim", eis a origem.
Os tempos mudam, mas as situações se repetem e Sara Não Tem Nome segue abraçada à melancolia. "É um tema que me interessa muito. Não sei direito o que está dentro dela, o que é tristeza, o que é uma visão crítica da sociedade, o que já vira depressão. A melancolia é vista de certa forma como uma personalidade e eu me identifico muito com isso."
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