O ex-guitarrista do Pública lança segundo disco da carreira em São Paulo nesta sexta, 30
Gabriel Nunes Publicado em 30/09/2016, às 16h52 - Atualizado às 18h22
Por Gabriel Nunes
De acordo com o Novo Dicionário da Língua Portuguesa, "ressaca" apresenta dois sentidos completamente distintos. Além de se referir ao refluxo intenso das ondas do mar – que muitas vezes alaga avenidas e destrói construções próximas à praia – a palavra também pode designar o mal-estar usual depois de uma bebedeira. Foi pensando nessa ambiguidade desconcertante que Guri Assis Brasil se apropriou do substantivo para nomear o segundo disco da carreira, que ele apresenta nesta sexta, 30, em São Paulo.
Divulgado pelo selo Natura Musical, Ressaca representa um ponto de convergência entre o significados literal e metafórico do termo. "Eu acho que existe uma ligação entre essas duas formas de compreender a palavra", diz Guri em entrevista à Rolling Stone Brasil. "Quem me conhece sabe que eu vivi muito tempo na boemia, então essa acabava sendo uma expressão bem recorrente para mim. Mas, também, logo que mudei para São Paulo, eu passei a ter mais contato com o mar."
A transferência de Porto Alegre para a capital paulista foi crucial no amadurecimento de Guri como letrista. Antigo guitarrista do Pública – que na década passada emplacou alguns hits do rock gaúcho, como a faixa "Long Plays", do disco Polaris –, o músico não havia explorado anteriormente a composição de letras, limitando-se ao lado melódico e harmônico das de canções. "Foi um momento de me descobrir como compositor. Nunca tinha me dedicado a fazer uma música autoral."
Cada vez mais afastado da ansiedade e da febre criativa que rondaram o debute, o gaúcho trilha novas searas. Sem receio de se reinventar em uma nova identidade sonora, Guri se desprende das raízes folk sobre as quais Quando Calou-se a Multidão foi projetado. Em Ressaca, ele faz sangrar sua veia mais eclética ao trazer, sob uma roupagem sintética que remete à fase oitentista de Caetano Veloso, elementos característicos de ritmos latinos, como cúmbia e bolero.
"Para fazer esse [Ressaca], eu já estava com uma bagagem muito maior", declara. "Nasci na fronteira com o Uruguai, então eu trago essas sonoridades muito latentes em mim. Nesse segundo disco, perdi o medo de colocar para fora as coisas com que eu me criei ouvindo. Me permiti ousar mais em questões sonoras, extravasar coisas que estavam no meu inconsciente. O primeiro disco eu compus basicamente sozinho e no violão. Depois eu levei pro estúdio e fui montando as camadas sonoras na sequência. Já para esse, eu formei uma banda."
Além da catarse musical, que levou Guri a remodelar sua persona artística e sonora, outra peça chave responsável por ressaltar a latinidade em Ressaca foi o tecladista Paulo Kishimoto. "Ele acabou sendo um grande diferencial no álbum. Nunca tinha pensado em trabalhar com ele antes, mas acabou sendo uma figura extremamente importante justamente por trazer esse 'quê' latino."
Ressaca ganha apresentação pela primeira vez nos palcos paulistanos nesta sexta, 30, no Z Carniceria. Na ocasião, o cantor e compositor gaúcho é acompanhado pelos músicos Guilherme Almeida (baixo), Thiago Guerra (bateria), Kishimoto (teclado e percussão) e Gabriel Guedes (guitarra). Além da banda de apoio, o show conta com a participação especial de Otto e Junio Barreto.
Guri Assis Brasil lança Ressaca em São Paulo
30 de setembro, às 20h
Z Carniceria – Av. Brigadeiro Faria Lima, 724 – Pinheiros, São Paulo
Ingressos entre R$ 25 (antecipado) e R$ 30 (porta)
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