Duo carioca de shoegaze e noise rock retorna mais dinâmico na sequência de Repertório Infindável de Dolorosas Piadas (2015)
Lucas Brêda Publicado em 22/06/2017, às 11h00
Por Lucas Brêda
Menos de dois anos depois do debute, Repertório Infindável de Dolorosas Piadas (2015), o duo carioca Gorduratrans chega ao segundo disco da carreira. Paroxismos, que marca a ida da banda ao selo Balaclava Records, ganha vida nesta quinta, 22, com exclusividade pelo Sobe o Som (espaço dedicado à música alternativa brasileira no site da Rolling Stone Brsail).
“Para fazer o Paroxismos, decidimos parar de fazer shows, parar com tudo, e dedicar o tempo que fosse necessário a esse novo disco”, conta o grupo, formado por Felipe Aguiar (guitarra e voz) e Luiz Felipe Marinho (bateria e voz), falando dos quase oito meses em que o álbum foi gestado. “Já tínhamos algumas das faixas estruturadas, mas a maior parte do processo criativo do disco aconteceu nesse tempo em que ficamos parados – o que entendemos ter sido essencial para o processo.”
Paroxismos nasce maior que o Repertório Infindável de Dolorosas Piadas. Não apenas no tamanho (o novo possui 37 minutos, contra os 21 do antecessor), mas especialmente em cuidado, possibilidades e intenções sonoras. Se o primeiro álbum foi inteiramente levantado com menos de dois meses de banda, desta vez, Aguiar e Marinho frequentaram o estúdio do selo Cosmoplano Records, da baixada fluminense (pago com o dinheiro gerado pelos streamings do LP de estreia), por fins de semana seguidos até finalizar o novo trabalho.
“O Repertório… foi um disco curto, feito todo na velocidade que sentíamos que deveria, com um sentimento de urgência em se ter um trabalho finalizado”, conta Aguiar. “Nós, que já nos conhecíamos há pelo menos dois anos, sentimos a necessidade de criar um projeto na linha do Gordura e fizemos isso sem pensar muito. Sabíamos que nossos amigos mais próximos iam sacar o álbum, e só. Para a nossa sorte, esse foi o trabalho que nos permitiu chegar a lugares que nunca cogitamos.”
Entre as influências, a dupla cita o disco Spiderland (1991), do Slint, assim como Lado Turvo, Lugares Inquietos (2016), do grupo cearense Máquinas. “Passamos a flertar com o noise experimental, principalmente através do Cássio Figueiredo, músico de Volta Redonda que participa de uma das faixas”, conta o vocalista, referindo-se à quarta música do LP, a macabra “Fotocópia”. “Também resgatamos algumas de nossas antigas referências, como Jeff Buckley, Elliott Smith, Yuck e mantivemos nossas clássicas do shoegaze: My Bloody Valentine, Slowdive.”
A estrutura das canções de Paroxismos mantém a identidade criada pelo Gorduratrans: ritmos dinâmicos e riffs simultaneamente sujos e viajados, conversando com a fatia mais barulhenta do shoegaze. As letras de cunho pessoal e a angústia que permeia todo o som continuam dando as cartas, assim como os vocais arrastados, parcialmente escondidos atrás do “muro” de ruído.
O clima de “banda de garagem” também retorna, só que desta vez renovado. Repertório… soava direto e caseiro, quase como uma preciosa fita demo perdida dos anos 1990. Já Paroxismos dá dimensão e robustez às melodias forjadas pelo barulho (ainda que lo-fi, o início de “Quando Boas Lembranças se Tornam Uma Tortura”, por exemplo, soa quase HD perto do primeiro álbum). A segunda empreitada do Gorduratrans é a expansão do conteúdo apresentado na anterior: as ideias do quarto ganhando o estúdio.
A arte de capa – assim como o encarte da futura versão física – de Paroxismos é assinada pela artista carioca Nathalia Rocha, de quem a banda é fã e cujo trabalho, segundo Aguiar, “casa muito bem com a nossa proposta”. Além da identidade visual, o Gorduratrans também mudou de selo: depois de surgir no finado Bichano Records, o duo agora integra o casting do Balaclava Records.
Conheça Paroxismos, o segundo disco do Gorduratrans, abaixo
Ouça também o debute Repertório Infindável de Dolorosas Piadas e, abaixo, veja a agenda de shows do Gorduratrans
Belo Horizonte
24 de junho
A Autêntica | Palco Balaclava do Dia da Música (com Séculos Apaixonados, Kill Moves e Sci-Fi)
São Paulo
22 de julho
Breve
Rio de Janeiro
7 de julho
Motim (com Cássio Figueiredo)
29 de julho
Áudio Rebel (com Máquinas)
24 de agosto
Teatro Odisseia (com The World Is a Beautiful Place & I Am no Longer to Die e E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante)
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