A insustensável nerdeza do ser

Redação

Publicado em 23/05/2009, às 14h21
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O documentário Suck My Geek quer abrir os olhos da humanidade. Só assim ela enxergará aquilo que qualquer óculos fundo-de-garrafa já vislumbra há décadas: ser nerd é tendência.

Acredite. Eles saíram do armário - no caso, do armário da escola, onde costumavam ser presos pelos valentões de praxe (quando não era dia de cabeça no vaso sanitário, claro). Com o grito de guerra "yes, we can!", provavelmente entoado em voz de robô, ou na impostação de algum ser místico d'O Senhor dos Anéis, milhões de pessoas passaram a vestir a camisa (xadrez) da causa nerd.

O doc, com exibição nesta segunda, 25, às 21h30, no Multishow, é francês. Mas "nerd" é "nerd" em qualquer canto do planeta, falado com ou sem biquinho. Codirigido por Xavier Sayanoff e Tristan Schulmann em 2007, e inédito no Brasil, o filme vai ao ar justamente no Dia do Orgulho Nerd, criado há seis anos, na Espanha, em defesa a uma cultura que vem se espalhando com a rapidez de uma nave Star Trek - a data (e não vale fingir surpresa) coincide com a estreia do primeiro filme de outra franquia estelar, Star Wars, jogados 32 anos.

E se agora basta ser um filme da franquia X-Men para se dar bem nas bilheterias, pilhas de HQs se acumulam há décadas no quarto de jovens e adultos que aos olhos do mundo parecem encarnar um Peter Pan à moda geek.

Em Suck My Geek (melhor não tentar traduzir...), eles vêm em legiões: homens, mulheres, jovens, velhos. Sim, os velhos clichês estão lá. Do reconhecimento de Senhor dos Anéis como Bíblia suprema à identificação com Peter Parker, o desengonçado jovem que acaba se tornando o Homem-Aranha ("a grande diferença é que nós não fomos mordidos por uma aranha radioativa", esclarece um rapaz).

Os diretores Kevin Smith, da franquia O Balconista, e Sam Raimi, de Homem-Aranha, contam sobre suas próprias comédias da vida privada. Mas, em pouco mais de 55 minutos, o documentário tenta ir além. Zarpa rumo a uma galáxia muito, muito distante... do preconceito. Nerds, defendem os diretores, não são necessariamente aqueles que vão preferir uma maratona solitária em frente ao computador a uma cervejinha com os amigos. E se eles querem encontrar o sabre de luz no fim do túnel, o problema é deles e, agora, também nosso, já que essa cultura não está mais tão reprimida assim. E que atire o primeiro mouse quem não assistiu a pelo menos um Matrix, liquidificador de paranoias nerd a respeito da realidade virtual.

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