Alan Moore diz odiar super-heróis, mas a HQ Watchmen já indicava isso desde os anos 80

Mítico roteirista afirma que não lê nada sobre os personagens mascarados desde que terminou a mais famosa história em quadrinhos, nos anos 80

Redação

Publicado em 27/11/2013, às 12h05 - Atualizado às 12h43
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Watchmen - HQ - Reprodução

Alan Moore, mítico roteirista de histórias em quadrinhos, afirmou em entrevista ao britânico The Guardian que não lê uma HQ sobre super-heróis desde que terminou uma de suas mais famosas obras, Watchmen, lançado originalmente em 1987. “Odeio super-heróis”, cravou Moore, que falou ao jornal para divulgar o mais recente trabalho, Fashion Beast.

“Acho que eles [heróis] são abominações. Eles já não significam aquilo que costumavam significar. Eles foram criados por roteiristas que gostariam de expandir a imaginação de um público de 9 a 13 anos. Era para isso que serviam e eles estavam funcionando muito bem. Hoje, uma revista de super-herói tem um público, geralmente masculino, que vai de 30, 40, 50 a 60 anos. Então alguém inventou o termo graphic novel. Estes leitores se apoiaram nisso com o simples interesse em validar o fato de eles continuarem amando o Lanterna Verde ou o Homem-Aranha, sem parecer que são emocionalmente anormais.”

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Ele continua: “Eu não acho que o super-herói não traz nada de bom”. “Acho que é um sinal alarmante vermos um público adulto assistindo ao filme Os Vingadores e se deliciando com conceitos e personagens criados para entreter garotos de 12 anos na década de 50.”

Nada do que foi dito, contudo, parece ter mais peso do que a própria HQ Watchmen, criada em parceria com o ilustrador Dave Gibbons. Ainda que o álbum tenha revolucionado a indústria dos quadrinhos em várias formas, na linguagem e estética, ele era uma verdadeira declaração de desgosto com relação aos heróis mascarados, com roupas coladas e capas esvoaçantes.

O desajustado e ultrarrealista grupo Watchmen representava todo o oposto do conceito dos heróis criados muitas décadas antes. A história é contada pelo psicopata de (razoavelmente) bom coração Rorschach, um detetive mascarado com apreço à violência quando o assunto é pegar caras maus. Cada personagem possui uma profundidade incomum e defeitos aflorados. Todos, sem exceção, são tão humanizados e frágeis que não mereceriam levar a alcunha de “super” ou de “herói”.

Moore subverteu o conceito todo de personagens heroicos, talvez não por ódio, mas o mais inacreditável é que, mesmo dizendo detestar os encapuzados, ele revolucionou a indústria dos heróis como poucos conseguiram fazer.

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