Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice traz Tim Burton de volta à boa forma em filme deliciosamente caótico; leia a crítica -
CRÍTICA

Beetlejuice 2 traz Tim Burton de volta à boa forma em filme deliciosamente caótico

Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice chega aos cinemas mais de trinta anos após o lançamento do primeiro filme

Angelo Cordeiro (@angelocinefilo) Publicado em 04/09/2024, às 16h45

Em 1988, Tim Burton apresentava suas credenciais para o mundo do cinema em Os Fantasmas se Divertem (ou Beetlejuice, no original, em homenagem ao espírito desonesto e bastante desagradável vivido por Michael Keaton).

Em seu segundo longa — o primeiro é As Grandes Aventuras de Pee-wee, de 1985 —, Burton apresentava o seu tom excêntrico e grotesco em conjunto com referências expressionistas, que ajudariam o cineasta a ser reconhecido com o passar dos anos.

No entanto, há algum tempo, Burton vinha se mostrando incapaz de apresentar um trabalho digno do virtuosismo de suas primeiras obras e produções como Alice no País das Maravilhas (2010), Sombras da Noite (2012), Grandes Olhos (2014), O Lar das Crianças Peculiares (2016) e Dumbo (2019) não foram bem recebidos por público e crítica.

Parecia que o outrora inventivo diretor pintava seus filmes com uma tinta aguada e apresentava personagens sem vida e carisma. Teria o responsável por produções como Batman (1989), Edward Mãos de Tesoura (1990), A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999) e A Noiva-Cadáver (2005) perdido a mão?

Felizmente, não. Os Fantasmas Ainda Se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice, sequência tardia do clássico dos anos 1980, chega aos cinemas a partir desta quinta-feira (5) trazendo Tim Burton de volta à boa forma e provando que as suas histórias ainda podem divertir a audiência.

Na trama, após uma tragédia familiar inesperada, três gerações da família Deetz retornam para Winter River. Lá, a vida de Lydia Deetz (Winona Ryder), agora uma famosa psíquica, vira de cabeça para baixo quando Beetlejuice (Michael Keaton) retorna do mundo dos mortos para causar o caos mais uma vez.

É verdade que Beetlejuice 2 — para os íntimos — traz Tim Burton pisando em terreno já conhecido. De qualquer forma, é louvável que a novidade não seja calcada somente na nostalgia, ainda que ela esteja presente — e isso graças à presença de Jenna Ortega, da série Wandinha, que mostra a intenção do cineasta em se comunicar com uma nova geração.

A partir disso, Tim Burton busca encontrar um equilíbrio entre replicar conceitos do clássico de 19888 e desenvolver novas tramas por meio dos novos personagens. É algo arriscado, pois a manobra incha o filme e dificulta a tarefa de juntar tanta gente boa em uma história repleta de desvios.

Afinal, Ortega é o destaque entre as novidades, mas ainda temos Willem Dafoe (Pobres Criaturas) como um fantasma ator/policial à la Dirty Harry; e Monica Bellucci (007 Contra Spectre) como uma “Noiva-Cadáver” em busca de vingança, que tem uma introdução espetacular no longa. Até Justin Theroux (The Leftovers) — que interpreta o par romântico de Lydia e brilha menos que os outros novatos no filme — tem bons momentos.

Com Jeffrey Jones, que interpretava o patriarca dos Deetz, fora da novidade por motivos polêmicos, a Delia Deetz de Catherine O’Hara se destaca entre os veteranos, mais à vontade e com muito mais tempo de tela do que em Os Fantasmas se Divertem.

Keaton também tem uma participação estendida na sequência e está afiadíssimo. Winona, no entanto, que protagonizou o antecessor, cede espaço para Ortega, que interpreta a filha de sua personagem, Astrid Deetz. Os conflitos com a mãe, o luto pela morte do pai e até mesmo um interesse amoroso são subtramas essenciais no roteiro.

E o grande acerto está em como Tim Burton trabalha tais questões, que poderiam ser um prato cheio para tirar lágrimas do espectador. As histórias não são tratadas como algo tão dramático e servem como um gatilho para sequências nas quais o diretor pode explorar as inúmeras possibilidades do pós-vida e dos truques de Beetlejuice.

É raro ver um filme que apresenta elementos, cenários e tramas aos montes, mas consegue trazer coesão mesmo dentro de uma proposta não tão original, conseguindo torná-los coesos dentro de uma proposta não tão original — afinal, é confortável para Tim Burton retornar a esse universo.

O cineasta deixa claro que, apesar das diversas subtramas, a história principal, encabeçada pela família Deetz, é mantida até o fim. Mas o fato de a história pular de núcleo em núcleo de forma tão deliciosamente caótica traz um ritmo agradável a Beetlejuice 2 que, diferentemente de Os Fantasmas se Divertem, dedica-se muito mais ao mundo pós-vida — e ainda rende uma sacada genial do "Soul Train", uma referência ao estilo musical que se originou na comunidade afro-americana dos Estados Unidos entre 1950 e 1960.

Se Tim Burton assumiu, recentemente, que pensou em se aposentar após o fracasso de Dumbo, Os Fantasmas Ainda Se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice pode ser encarado como um adeus digno de um cineasta que sempre foi reconhecido por sua excentricidade e a excelência do design de produção de seus filmes.

Mas a novidade nos faz torcer para que o público vá aos cinemas e o longa se torne um sucesso, levando o diretor a, quem sabe, começar a pensar em invocar Beetlejuice mais uma vez para que os fantasmas continuem se divertindo — e nós também.

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