O filme Cabeça de Nêgo estreou nesta quinta, 21, para acompanhar uma história de racismo e revolução
Redação Publicado em 21/10/2021, às 09h54
Cabeça de Nêgo é uma produção cearense atual e relevante sobre racismo, autoritarismo e revolução. Dirigido por Déo Cardoso, o filme estreou nesta quinta, 21, com muitas críticas positivas à trama e aos profissionais envolvidos do projeto, em sua maioria, negros.
Conforme noticiado pelo Estado de Minas, a única locação do filme cearense foi uma escola pública em Fortaleza e seus arredores. A narrativa acompanha o Saulo (Lucas Limeira), quem sofre um insulto racista ao ser chamado de “macaco” na sala de aula, mas cuja agressão passa despercebida pelo professor.
Ao confrontar o colega que fez o comentário, Saulo é expulso da sala de aula pelo professor. Então, o protagonista, inspirado pelos Panteras Negras, inicia uma greve estudantil para enfrentar a direção e dar atenção ao racismo presente na instituição de ensino.
Abaixo, cidades e salas de cinema onde o filme @cabecadenego_ estará sendo exibido a partir de hoje, 21/10. CHAMA AS AMIGAS E AMIGOS ✊🏾 pic.twitter.com/msORgsqNmg
— Déo Cardoso (@deocardoso76) October 21, 2021
Na trama, o diretor narra a história em diálogo com profundas reflexões sobre o sistema público de educação no Brasil, o racismo presente nas instituições e a função doas celulares e a internet para reinventar a escola a combater a precariedade do ensino.
Atual, potente e necessária, a narrativa também potencializa as produções nacionais para além do núcleo do sudeste, e representa, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a cena brasileira do cinema negro — no conteúdo apresentado e nos bastidores.
Por onde passou, Cabeça de Nêgo foi elogiado pela crítica. Pela Associação Cearense de Críticos de Cinema em 2020, foi eleito o Melhor Longa-metragem Cearense. Ainda, a produção foi exibida em grandes eventos, como o Festival de Cinema de La Plata (Argentina)e no International Film Festival (EUA) - e nesta quinta, 21, chega às telonas brasileiras.
Em entrevista ao Estado de Minas, o diretor Déo Cardoso comentou sobre o filme, assim como o desenvolvimento e contrição da história. O cineasta tem cinco curtas e dois documentários feitos ao longo da carreira, e Cabeça de Nêgo é a primeira produção ficcional — apesar de tratar uma situação tão real.
Segundo a reportagem, o cineasta teve a ideia de discutir sobre o sistema educacional no Brasil e o que recai sobre a população periférica e negra: “Muitas escolas públicas foram erguidas, inclusive arquitetonicamente, para simular prisões. Existe uma certa lógica ali que é muito excludente,” disse.
Dessa forma, Cabeça de Nêgo propõe uma importante, necessária e atual reflexão sobre injustiça social e a possibilidade de usar a tecnologia para reivindicar mudanças, além de potencializar o diálogo e o combate ao preconceito: “Se o racismo ainda está vivo, é porque a gente não soube combatê-lo. A ferida está aberta desde a época do Brasil colônia.” Confira o trailer da produção:
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