Ruggero Deodato, morto nesta quinta-feira, 29, foi o responsável pela direção de Holocausto Canibal, primeiro filme do gênero gore da história
Fernanda Decaris Publicado em 30/12/2022, às 13h56
Ruggero Deodato, diretor e roteirista italiano morto nesta quinta-feira, 29, aos 83 anos, foi o responsável pelo primeiro filme do gênero gore da história, Holocausto Canibal de 1979. A estreia foi em Milão, em 7 de fevereiro de 1980. No dia 17 daquele mês, a Justiça proibiu o filme em todo o país.
Holocausto Canibal é um mockumentary (pseudocumentário) que mostra as cenas gravadas por quatro jornalistas desaparecidos no coração da Amazônia. Um grupo de resgate, liderado pelo antropólogo Harold Monroe, é enviado ao local e descobre, através das filmagens encontradas, que os quatro jornalistas foram comidos pelas tribos canibais da região.
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No entanto, além das cenas chocantes, Holocausto Canibal possui uma série de rumores que envolvem a produção e houve um esforço de Deodato para tal. Antes das gravações, ele fez com que os quatro atores que representavam os jornalistas assinassem um contrato secreto com um único pedido - eles não poderiam aparecer em público por um ano a partir do dia da estreia. O filme também foi acusado de racismo pela forma selvagem que indígenas foram representados.
Com efeitos tão realistas, a mídia acusou Deodato de produzir um filme snuff - quando atores são mortos de verdade em frente às câmeras, e o diretor foi preso por quatro meses até que apresentasse o elenco vivo no tribunal.
Além disso, durante o julgamento, Deodato também teve que explicar uma cena de empalamento, onde um assento de bicicleta foi anexado ao final de um poste de ferro, sobre o qual a atriz se sentou. Ela, então, colocou um pequeno pedaço de madeira na boca e olhou para o céu. O diretor também forneceu imagens da atriz interagindo com a equipe após as gravações.
Assim, as acusações contra o diretor foram retiradas, mas Holocausto Canibal continuou censurado em mais de cinquenta países.
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Além das imagens chocantes e realistas com os atores, outro motivo pela censura do filme é a tortura de animais - que incluem a decapitação de um macaco e o abate de uma tartaruga ameaçada de extinção. O próprio Deodato condenou suas ações passadas; "Fui estúpido ao usar animais".
Apesar da recepção polêmica, anos após a estreia, Holocausto Canibal passou a ser reconhecido como um clássico e inovou o conceito "found footage" no cinema, inspirando filmes como A Bruxa de Blair (1999) e A Última Transmissão (1998), promovidos dizendo que eram gravações reais.
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