Na primeira entrevista desde a tragédia no set de Rust, Alec Baldwin afirma que não sente 'culpa' pela morte de Halyna Hutchins
Nancy Dillon | Rolling Stone EUA. Tradução: Marina Sakai (sob supervisão de Yolanda Reis) Publicado em 03/12/2021, às 16h30
Alec Baldwin afirma que não puxou o gatilho - puxou o cão (parte da arma responsável por propiciar energia para disparar o projétil) e o soltou, acreditando que a arma que disparou e matou a diretora de fotografia Halyna Hutchins no set de filmagens de Rust não estava carregada e era segura de manusear.
Nesta quinta, 2 de dezembro, em sua primeira entrevista desde o incidente fatal em 21 de outubro de 2021, que também feriu o diretor Joel Souza, Baldwin disse a George Stephanopoulos da ABC News que estava seguindo instruções passo a passo de Hutchins segundos antes de a arma disparar.
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"Tudo foi direção dela. Ela me guiou sobre como gostaria que eu segurasse a arma para esse ângulo. Eu disse: 'Agora, nesta cena, vou engatilhar a arma.' E perguntei 'Você quer ver isso?' E ela disse: 'Sim.' Então, peguei a arma e comecei a engatilhar. Não puxei o gatilho."
Baldwin descreveu a Stephanopoulos como puxou o cão do revólver para trás ao máximo "sem engatilhar a arma, de fato." E continuou perguntando a Hutchins, "Você consegue ver isso?" "Sim, está bom," a diretora supostamente respondeu, segundo o ator. "Eu soltei do cão. Bang! A arma dispara," disse.
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A explicação de Baldwin veio um dia depois de um clipe teaser da entrevista que incluía o ator dizendo: "Não puxei o gatilho... Nunca apontaria uma arma para qualquer pessoa e puxaria o gatilho. Nunca." "Era para a arma estar vazia. Me disseram que eu estava segurando uma arma vazia. A noção de que tinha uma bala naquela arma não me ocorreu até provavelmente 45 minutos a uma hora mais tarde," disse.
Baldwin disse que "ninguém conseguia entender" o que aconteceu. Lembra-se de ter ficado perto de Hutchins por cerca de um minuto antes de ser expulso da pequena igreja de madeira onde haviam armado a cena. Lembra-se de ter se perguntado se a diretora teria sofrido um ataque cardíaco ou foi atingido por “estofo” de uma bala em branco.
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O ator disse que a noção de que sua arma disparou uma bala "não era nem mesmo realidade." Quando finalmente viu a imagem da bala recuperada do ombro do diretor Joel Souza, "foi como ver alienígenas," disse. "Eu faria qualquer coisa para desfazer o que aconteceu," afirmou Baldwin durante a entrevista emocionante que incluiu ele chorando diversas vezes.
Quando questionado sobre se sentia alguma "culpa" pela morte, Baldwin respondeu que não. "Acho que existe alguém responsável pelo que aconteceu. E não consigo dizer quem foi, mas não sou eu. Quer dizer, sendo honesto com Deus, se eu fosse o responsável, poderia ter me matado. E eu não digo isso levianamente." O ator explicou que está vivendo em estado de pesadelos acordados há um mês e meio, tentando controlar as coisas para sua esposa e seis filhos.
"Acordo constantemente ao som de armas disparando. E essas imagens vêm à mente e me mantêm acordado à noite. Não durmo há semanas," disse, acrescentando que tinha outro filma planejado para começar as filmagens em janeiro, mas não tem certeza se terá forças. Diversas vezes, Baldwin se pegou dizendo: "Não quero soar como uma vítima."
Questionado sobre a investigação criminal do tiroteio, Baldwin foi informado de que é "altamente improvável" que enfrente quaisquer acusações. A questão central é quem trouxe as balas para o set, e acredita que o marido e o filho de Hutchins têm o direito de recuperar os danos em uma ação judicial, uma vez que a questão seja respondida.
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Baldwin explicou como decidiu falar com a ABC News para esclarecer "uma série de equívocos." "Realmente sinto que não posso esperar para esse processo terminar em fevereiro ou março. Não estou apressando eles para benefício meu. É ridículo," afirmou se referindo à investigação.
O Gabinete do Xerife de Santa Fé disse que Baldwin está cooperando com a investigação. De acordo com os depoimentos do mandado de busca, ele foi informado que a arma estava fria, ou seja, não carregada com qualquer bala real, pelo diretor assistente Dave Halls, que lhe entregou a arma após um intervalo para o almoço. O tiroteio aconteceu no mesmo dia que diversos integrantes da equipe deixaram o set com reclamações sobre longas horas de trabalho, falta de quartos de hotel e disparos anteriores de armas de fogo.
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O ator é agora o assunto de dois processos movidos pelos integrantes da equipe, Serge Svetnoy e Mamie Mitchell. As queixas, que também citam os produtores do filme, Halls e a novata Hannah Gutierrez-Reed como réus, afirmam que Baldwin tem responsabilidade no acidente mortal porque não verificou a arma por si mesmo.
Baldwin disse a Stephanopoulos que não estava ciente de quaisquer condições perigosas no set do filme antes do tiroteio fatal. "Não observei nenhum problema de segurança em todo o tempo que passei ali. Todos estavam tendo uma experiência positiva," disse o ator.
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