Em entrevista à Rolling Stone Brasil, compositor Danny Elfman contou sobre o processo criativo da trilha sonora e parceria com Sam Raimi
Vitória Campos (sob supervisão de Eduardo do Valle) Publicado em 15/05/2022, às 13h00
Estrelado por Benedict Cumberbatch e Elizabeth Olsen, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022) chegou recentemente aos cinemas — e já se destacou por ser um dos filmes mais aterrorizantes do MCU.
No longa-metragem dirigido por Sam Raimi, o terror e suspense foram intensificados pela trilha sonora criada pelo compositor Danny Elfman, responsável por diversas trilhas musicais famosas em Hollywood, como Batman (1989), Gênio Indomável (1997), O Estranho Mundo de Jack (1993), Homem-Aranha (2002), entre outros.
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Pensando nisso, a Rolling Stone Brasil conversou com Elfman sobre o processo criativo da trilha sonora, diferenças entre as músicas tema de Wanda e Doutor Estranho, parceria com Sam Raimi e mais. Confira a entrevista abaixo:
Danny Elfman: Bom, primeiramente, você vive o filme, mesmo que não esteja terminado. Neste caso foi muito complicado, você sabe, em um filme dessa proporção, quando você vê as cenas pela primeira vez, os cenários ainda não estão terminados, você vê muito fundo verde — mas isso é suficiente para entender os personagens e a história, e desenvolver ideias mesmo com as versões iniciais [do filme].
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DE: Essa foi, sem dúvidas, a parte mais divertida para mim! Porque Sam Raimi trouxe esse elemento do terror do filme com ele, que eu achei muito ousado e único para uma produção da Marvel. Com isso, deixei a trilha fluir na mesma direção, onde eu sabia que encaixaria nesse estilo de terror de Raimi, com um Doutor Estranho morto retornando à vida. Eu não pude acreditar quando vi, eu disse ‘Oh, meu Deus, isso é muito Sam Raimi.' E eu esperava que as pessoas achassem isso interessante e, felizmente, elas acharam. Então, foi muito divertido trabalhar esse elemento na trilha sonora, porque vai ao encontro do estilo retrô de música de terror.
DE: Wanda é uma vilã muito única. Nunca vi nada parecido, porque normalmente o vilão nos filmes de super-heróis é mal, apenas mal e quer destruir o mundo e coisas assim. Mas, aqui, o vilão é alguém que você também pode amar. Então, eu realmente tive que encontrar um tema para ela que fosse maldoso mas também gentil e comovente. Foi muito agradável escrever essas partes. Doutor Estranho também, eu queria encontrar algo que fosse heroico e que também apresentasse um romance agridoce, porque a trilha sonora também engloba seu relacionamento com Christine. Então, cada tema [dos personagens] tinha um trabalho diferente a fazer, Doutor Estranho tinha que ser heroico com um amor perdido, e Wanda tinha que ser a maldosa Feiticeira Escarlate, mas também alguém que quer, desesperadamente, os filhos de volta — com motivações comoventes e puras.
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DE: Não. Para o tema de America Chavez eu queria encontrar algo que fosse universal e heroico, e eu achei que talvez estivesse indo longe demais se fizesse suas músicas propositalmente latinas. É algo que nós pensamos sobre, mas nós também pensamos que poderia ser compreendido como algo não tão respeitoso. Então, eu realmente apenas tentei lhe dar algo que era universal e heroico.
DE: É sempre um grande prazer voltar a trabalhar com Sam. Nós voltamos tão longe [no tempo] e ele é literalmente um dos caras mais legais que eu já conheci. Trabalhar com ele é divertido e engraçado, porque quando estamos trabalhando juntos nas composições ele adora fazer piadas, e aí eu também começo a fazer piadas. Eu termino uma sessão em que trabalhei as músicas com ele e tenho um grande sorriso no meu rosto, e não é sempre assim quando se trabalha em um grande filme.
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