Adaptação cinematográfica da obra escrita por Colleen Hoover, vice-campeã de vendas no Brasil, já está em cartaz nos cinemas brasileiros
Camila Gomes (@camilagms) Publicado em 08/08/2024, às 16h15 - Atualizado às 16h30
"Quinze segundos. Só isso já basta para mudar completamente tudo sobre uma pessoa". É Assim que Acaba estreia nas telonas nesta quinta-feira (8) e promete levar uma legião de leitores para os cinemas, ansiosos e com altas expectativas para conferir a adaptação do romance mais famoso da autora best-seller Colleen Hoover.
Quando as primeiras imagens do set de filmagens do filme começaram a circular nas redes sociais, os fãs não pouparam críticas ao projeto, desde escolha do elenco — composto por atores dez anos mais velhos do que os personagens da obra original — aos figurinos usados por Blake Lively para viver a protagonista, Lily Bloom.
Porém, ao longo de pouco de mais de duas horas de filme, a adaptação dirigida por Justin Baldoni — que também interpreta Ryle Kincaid, par de Lily — prova que todas as mudanças foram necessárias para contar uma história madura, cuidadosa e sensível.
Lily Bloom é uma mulher com uma infância traumática, que decide recomeçar a vida em Boston, realizando o sonho de abrir sua própria floricultura. Após um encontro casual com o charmoso e confiante neurocirurgião Ryle Kincaid, os dois se apaixonam profundamente e Lily sente que vive um relacionamento perfeito.
Com o tempo, Ryle se torna agressivo, possessivo e ciumento, coisas que a lembram do relacionamento de seus pais. A situação piora quando o primeiro amor de Lily, Atlas Corrigan (Brandon Sklenar, The Offer), reaparece em sua nova vida em Boston e mexe com seus sentimentos. Assista ao trailer:
Contrariando a expectativa negativa dos fãs, o filme é um retrato fiel ao livro. É notável o empenho, cuidado e respeito da roteirista Christy Hall (I Am Not Okay with This) em não apenas incluir as cenas favoritas dos leitores, mas também em encaixar os elementos que tornam essa história um fenômeno mundial no audiovisual.
Escalar atores mais experientes para o longa é um dos maiores acertos do projeto. Blake Lively leva para as telonas uma Lily bem-humorada, alegre e cheia de vivacidade, que pouco a pouco, perde essa luz conforme seu relacionamento com Ryle evolui.
A direção e a performance de Justin Baldoni é cuidadosa para não criar uma imagem romantizada de Ryle — que tantos criticam no livro — e coloca o público na pele de Lily. Assim como a protagonista, o espectador se apaixona pelo médico com seus flertes, carisma e jeito de galã determinado a conquistá-la, mas também duvida de suas atitudes violentas repentinas e o teme em seus momentos de descontrole.
Novamente, o trabalho de Baldoni chama a atenção ao retratar a fragilidade de sofrer uma violência. A rapidez com que o médico dispara um tapa no rosto de Lily após um acidente na cozinha faz até o público duvidar de que tudo realmente não passou de um grande mal-entendido, que foi “apenas um reflexo” da dor.
No entanto, os flashbacks de Lily, com as suas vivências e o que testemunhou ao longo da adolescência com o relacionamento turbulento dos próprios pais, acontecem em câmera lenta para que não restem dúvidas da gravidade e a intenção de tudo o que aconteceu.
Reconhecer que foi vítima de uma violência do parceiro que tanto ama é um desafio dentro e fora da ficção. Nas telas e nas páginas, Lily mostra como ter uma rede de apoio, seja de amigos, familiares ou profissional, é fundamental para sair dessa relação.
"Meu irmão te ama, Lily. Ele te ama muito. Você mudou a vida dele, e o transformou numa pessoa que jamais o achei capaz de ser. Como irmã, o que eu mais queria é que você encontrasse uma maneira de perdoá-lo. Mas, como sua melhor amiga, preciso dizer que, se voltar para ele, nunca mais vou falar com você", diz Alyssa (Jenny Slate, Marcel, a Concha de Sapatos), irmã de Ryle.
Essa não é uma história de redenção. Não é sobre Ryle se arrepender de suas ações e conquistar o perdão de Lily para que eles finalmente vivam como uma família feliz. É sobre encontrar a força dentro de si para quebrar um ciclo de violência, que não deve ser tolerado em nenhuma circunstância.
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