- Barraca do Beijo 3 (Foto: Divulgação/Netflix)

Longe de evoluir, A Barraca do Beijo 3 insiste em dramas exagerados, discursos machistas e clichês ultrapassados [REVIEW]

Último filme da franquia da Netflix, A Barraca do Beijo 3 chegou ao catálogo na quarta, 11, e é uma despedida totalmente repetitiva e cansativa

Isabela Guiduci Publicado em 13/08/2021, às 08h00

[Atenção: O texto pode conter spoilers de A Barraca do Beijo 3]

Em clima de despedida, A Barraca do Beijo 3 entrega tudo o que não queríamos: dramas exagerados, discursos machistas e repete clichês ultrapassados. Longe de inovar a franquia ou trazer um encerramento inesquecível, o último filme revive a pior e mais criticada narrativa adolescente. 

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Diante de um roteiro terrivelmente construído, acompanhado de uma direção fraca, ritmo detestável e piadas horríveis, A Barraca do Beijo 3 não consegue acertar em praticamente nada: todas as propostas do longa-metragem são ruins.

O filme é maçante e repetitivo, além de retomar discursos machistas inaceitáveis. Nem mesmo a construção visual é muito convidativa: o uso da tela verde, por exemplo, é péssimo em diversas cenas, com passagens pouco factíveis. 

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Desde o primeiro filme da franquia, a produção não consegue apresentar bons personagens, especialmente porque todos reproduzem comportamentos sexistas inadmissíveis e refletidos em uma narrativa igualmente incabível. Ao invés de trazer um novo olhar ao terceiro longa-metragem, a história só revive os discursos machistas.

Na última parte desta saga, acompanhamos a crise de Elle Evans (Joey King) diante de uma decisão costumeira em filmes adolescentes norte-americanos: qual faculdade ela deve optar? A escolha fica ainda mais dividida pelos irmãos Noah Flynn (Jacob Elordi) e Lee Flynn (Joel Courtney), o atual namorado e melhor amigo de infância, respectivamente. Os dois estão em diferentes universidades e, para "piorar" (em muitas aspas), a personagem é aceita em ambas.  

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Elle não consegue decidir onde gostaria de estudar: Harvard com Noah? Ou Berkeley com Lee? A opinião e perspectiva dela em toda essa escolha parece distante da realidade. Para não magoar nenhum dos irmãos, tenta encontrar uma saída. Enquanto reflete, vai à casa de praia dos Flynn, local que será vendido em breve, para tentar viver um ótimo e inesquecível verão pré-universidade.  

Para postergar o início desta ladainha de escolha, o longa-metragem aposta em recursos nostálgicos ineficazes para impulsionar a decisão da Elle. Várias cenas parecem retiradas de um videoclipe adolescente, e são coladas na edição de uma maneira totalmente insignificante e que não acrescentam em nada à narrativa.

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A história de A Barraca do Beijo 3 é inteiramente focada na decisão e futuro de Elle e quase 2 horas disso é totalmente desagradável. Não há desdobramentos impressionantes - seja a partir da amizade com Lee ou do namoro com Noah. A família da protagonista, inclusive, é praticamente esquecida na narrativa, mesmo em uma situação tão importante para a personagem. 

Além de Elle, quem também não conta com um bom desenvolvimento, a maior parte dos personagens ganha rápidas cenas pessoais, sem apresentação prévia ou histórias aperfeiçoadas e explicadas. Não há uma estrutura narrativa bem-construída para as figuras secundárias, e elas acabam jogadas em meio à totalidade da produção.   

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Embora o segundo filme tenha apostado em ar fresco com a chegada de novos nomes como Marco (Taylor Zakhar Perez) e Chloe (Maisie Richardson-Sellers), a franquia conseguiu esgotar a presença deles na nova produção. Enquanto a narrativa de Chloe parece sem precedentes ou não apresenta aprofundamentos, a de Marco é repetitiva e, até mesmo, vergonhosa por colocar o rapaz na mesma situação do longa-metragem anterior. 

Há um novo amigo na história, Ashton (Cameron Scott), quem parece uma ameaça aos olhos de Elle. No entanto, o personagem só chega à história para causar um drama entre os melhores amigos. Quando não é mais necessário, Ashton é esquecido e some sem qualquer explicação.

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Fica visível ao público como o roteiro é fraco. Os momentos embalados por uma trilha sonora divertida - possivelmente um dos únicos acertos do filme - são excessivos e contrariam a própria proposta de acelerar o ritmo, deixando o longa-metragem desinteressante. 

Os dramas exagerados potencializam a sensação de um roteiro ruim, composto de diálogos mal-construídos e histórias rasas e superficiais. Trata-se de um filme adolescente que consegue reviver todos os estereótipos ruins do gênero: nem mesmo o desempenho da protagonista Joey King, quem vive a agradável e desastrada Elle Evans, é capaz de trazer brilho à produção. 

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A comédia é igualmente insuficiente, fraca e mal-combinada aos dramas excessivos. Ao invés de quebrar o ritmo carregado de adversidades irritantes, o tom cômico beira o ridículo e deixa o compasso da narrativa desagradável. O romance também não consegue salvar os deslizes - a química de King e Elordi em cena, a qual já não era tão boa, está ainda mais abatida e ofuscada.

Não cansado de errar, A Barraca do Beijo 3 volta ao péssimo triângulo amoroso Marco-Elle-Noah, que só serve para reproduzir uma série de discursos machistas e comportamentos heteronormativos (ciúmes, possessividade, controle masculino, etc.) - e, de fato, ninguém aguenta mais essa narrativa em filmes adolescentes. 

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Algumas conversas e cenas mais maduras sugerem um novo direcionamento do tom da narrativa, contudo, rapidamente terminam. A Barraca do Beijo poderia entregar uma visão mais sincera dos adolescentes - ou explorar um estilo mais adulto no novo filme. No entanto, prefere voltar às chatices imaturas e clichês ultrapassados. 

Importante frisar que clichês bem explorados podem servir de ótimos recursos ao universo teen - o que não é o caso de Barraca do Beijo. Por esta razão, inclusive, o terceiro e último longa-metragem da aposta original Netflix não agrada. Infelizmente, os erros superam quaisquer acertos: o filme encerra a franquia de uma maneira bastante esquecível. 

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A Barraca do Beijo é um título original Netflix que poderia ter sido evitado, principalmente por insistir tanto em uma narrativa tão ultrapassada. Claro, vale lembrar que a franquia é inspirada no livro homônimo de Beth Reekles, quem escreveu a história aos 15 anos. Contudo, não houve intenção alguma em reinventar, recriar ou inovar a trama - e, por isso, é tão frustrante.  

A Barraca do Beijo 3 chegou à Netflix nesta quarta, 11, e encerra a franquia estrelada por Joey King, Joel Courtney e Jacob Elordi. Os três filmes estão disponíveis no catálogo do streaming.


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