Com direção de Edgar Wright, Noite Passada em Soho mistura terror e drama em uma narrativa angustiante e crescente estrelada por Anya Taylor‑Joy
Redação Publicado em 05/12/2021, às 13h00
Fascinante e envolvente, o thriller psicológico Noite Passada em Soho, do aclamado cineasta Edgar Wright, estreou nos cinemas brasileiros em 18 de novembro para acompanhar uma história que envolve glamour, sonho, alucinações e (muito!) terror.
A trama acompanha Eloise (Thomasin McKenzie) jovem apaixonada por design de moda que muda para Londres para estudar. No entanto, a jovem inocente apaixonada pela década de 1960 começa a ter visões com Sandie (Anya Taylor‑Joy), uma jovem que tenta ser cantora em uma Inglaterra de 60 anos atrás.
Com o tempo, sonho se mistura à realidade, e a protagonista se vê em uma crescente desilusão a respeito da tão sonhada e almejada Londres. Caso esteja na dúvida de assistir Noite Passada em Soho, a Rolling Stone Brasil separou quatro motivos para conferir (e um para ficar longe) do filme estrelado por Anya Taylor‑Joy; confira:
Diante do diálogo entre ilusão e realidade, Eloise vê-se em tramas paralelas que, apesar de distintas, cada vez mais se enroscam. As personagens se entrelaçam em um jogo de percepções, sonhos, decadência e desespero. Forma-se, então, uma narrativa labiríntica em que espectadores e protagonista mergulham em uma confusão proposital, mas bem-construída.
Elementos do sobrenatural encaixam à trama de uma Londres moderna sem espanto: é um drama construído aos poucos e feito para o espectador se deixar levar pela fantasia e, principalmente, pelo medo.
Em meio ao diálogo entre ilusão e realidade, Noite Passada em Soho costura um enigma inteligente acerca do passado de Sandie (Anya Taylor-Joy) e dos desdobramentos na jovem Eloise (Thomasin McKenzie).
A produção deixa no ar um grande mistério a respeito do destino da personagem da década de 1960, assim como uma possível resolução esperta da protagonista Eloise. Contudo, como qualquer boa produção de suspense, as expectativas caem por terra na medida que as tramas de desenvolvem.
O diálogo da filmografia, trilha sonora e grandes atuações faz o espectador mergulhar em uma história complexa e envolvente, além de criar a atmosfera de suspense que embala a narrativa: é difícil não ficar atento aos próximos acontecimentos.
Ainda, a trilha sonora angustiante, somada aos figurinos emblemáticos, situa o filme em uma obra pensada em totalidade. Cenários e técnicas de filmagens — como as diversas ferramentas de perspectiva e reflexo nas cenas — conseguem retratar com maestria o arco da personagem Eloise, e acompanham a protagonista em sua crescente desilusão a respeito do passado.
Enquanto Eloise mergulha em uma investigação do passado que a invade em sonhos e alucinações, descobrem-se aspectos sobre a vida da jovem Sandie que perturbam a garota. Edgar Wright, então, aborda temas relacionados a abusos sexuais e psicológicos, os lados obscuros da indústria do entretenimento e a vingança.
Dessa forma, o filme estabelece uma importante narrativa sobre a violência sistemática contra a mulher, assim como as consequências dessa realidade brutal. A busca por vingança é digna? Violência responde violência?
[Atenção: Pode conter spoilers de Noite Passada em Soho]
Apesar dos diversos pontos positivos, Noite Passada em Soho tem uma grande falha: o tão esperado final. A costura excelente entre ilusão e realidade, estabelecida ao longo de todo o filme, perde a mão no desfecho.
Apesar de começar bem, a resolução dos mistérios e enigmas do filme decepciona com elementos fantasiosos que extrapolam o cabível nos últimos minutos. A junção de uma atmosfera investigativa superficial dá a impressão de uma indecisão do diretor, que não soube escolher qual caminho percorrer e acabou decidindo, de fato, o pior.
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