Pixote: A Lei do Mais Fraco, longa de Héctor Babenco lançado em 1980, foi desclassificado do Oscar por uma confusão (Foto: Divulgação) -
AQUECIMENTO OSCAR

O ano em que o Brasil foi desclassificado do Oscar por um desentendimento

Confusão acabou tirando Pixote: a Lei do Mais Fraco, longa de Héctor Babenco, da disputa por uma estatueta de ouro na premiação

Henrique Nascimento Publicado em 29/02/2024, às 17h00 - Atualizado às 17h30

Apesar de já ter aparecido algumas vezes ao longo dos quase 100 anos de existência do Oscar, o Brasil nunca levou uma estatueta de ouro. Em uma das ocasiões, nós chegamos bem perto de conquistar o cobiçado "careca de ouro", mas Pixote: A Lei do Mais Fraco, longa de Héctor Babenco (1946-2016) lançado em 1980, acabou desclassificado por um desentendimento.

O Brasil já foi indicado à categoria de Melhor Filme Estrangeiro - hoje conhecida como Melhor Filme Internacional - em quatro ocasiões: em 1963, com O Pagador de Promessas (1962); em 1996, com O Quatrilho (1995); em 1998, com O Que é Isso, Companheiro? (1997) e, em 1999, com Central do Brasil (1998). Porém, foi em 1982 que o país esteve mais perto de sair vencedor... Justo quando acabou desclassifcado.

Pixote: A Lei do Mais Fraco foi o filme selecionado pela Embrafilme para concorrer a uma vaga ao Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro em 1982. No entanto, desde o início dos anos 1980, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelo Oscar, havia deixado suas regras para os filmes estrangeiros mais rígidas, limitando a janela de lançamento para os filmes de outros países.

Para que um filme estrangeiro concorresse ao Oscar de 1982, ele deveria ser lançado em seu país de origem entre os dias 1º de novembro de 1980 e 1º de outubro de 1981, ficando pelo menos sete dias em cartaz com venda de ingressos.

Quando estreou nos Estados Unidos, em 1981, Pixote: a Lei do Mais Fraco teve uma recepção muito positiva do público e da crítica, com o nome da atriz Marília Pera chegando a ser cogitado a uma nomeação à parte na premiação.

Porém, o que parecia ser um sonho prestes a se tornar realidade acabou se transformando em frustração. Alguns dias após o Brasil confirmar a submissão do filme como candidato ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, a Academia emitiu um telegrama à Embrafilme informando que o filme não cumpriu os requisitos da data de estreia no Brasil e, portanto, estava desclassificado.

A Embrafilme, então, solicitou uma reunião à Academia para entender o motivo da desclassificação e a explicação veio: Pixote: a Lei do Mais Fraco teria estreado no Brasil em setembro de 1980, quando só poderia ter sido lançado a partir de novembro daquele mesmo ano.

Representantes da Embrafilme alegaram que a suposta estreia antecipada de Pixote: A Lei do Mais Fraco no Brasil era uma "preview" - conforme constava no regulamento da Academia -, o que, no entendimento deles, era uma pré-estreia.

No entanto, para a Academia, a palavra "preview" significava uma exibição-teste ou, no máximo, um evento bastante exclusivo, como a exibição do filme para os patrocinadores ou elenco, e considerou que o filme, de fato, havia estreado antes do período permitido. Com isso, a campanha para o Oscar foi desmontada e a estatueta de ouro voltou a se transformar em um sonho distante.

Mesmo fora do Oscar, Pixote: A Lei do Mais Fraco conseguiu ser indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro em 1982, mas perdeu o prêmio para o britânico Carruagens de Fogo (1981). Na maior premiação do cinema, o "careca de ouro" foi para o húngaro Mephisto (1981).

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