- 'A Substância' e 'Emilia Pérez' (Fotos: Reprodução)
ATRATIVOS FRANCESES

Por que 'A Substância' e 'Emilia Pérez' foram gravados na França

Os filmes se passam nos Estados Unidos e México, respectivamente

Redação Publicado em 04/11/2024, às 13h24

O Conde de Monte Cristo, Emilia Pérez e A Substância foram dirigidos por cineastas franceses e gravados majoritariamente na França. Embora se passem no México e em Los Angeles, respectivamente, Emilia Pérez e A Substância foram filmados em estúdios de Paris e ruas francesas, por exemplo.

No painel American French Film Festival, ocorrido em Los Angeles na última semana, o produtor de O Conde de Monte Cristo, Dimitri Rassam; o vice-presidente sênior de planejamento de produção e incentivos da HBO Max e WBD, Jay Roewe; o produtor e cineasta de Los Angeles, Jon Avnet; e o vice-presidente de estratégia e desenvolvimento do Paris TSF Studios, Laurent Kleindienst, conversaram sobre as vantagens de fazer filmes na França.

“Fizemos um filme por uma fração do que teria custado em outro lugar”, revelou Rassam. As vantagens relacionadas ao custo das filmagens não foram o que determinou a escolha da localização, já que gravar um longa-metragem na Europa Ocidental seria ainda mais barato, ponderou o diretor. 

“Tomamos essa decisão não porque era mais econômico, mas porque era o que era necessário para dar vida a esses filmes, e sentimos que, para uma filmagem dessa extensão, precisávamos que os atores estivessem imersos e o mais próximos possível da história”, revelou Rassam sobre O Conde de Monte Cristo, exibido no encerramento do evento em Los Angeles neste domingo, 3. 

Quando você olha para a França, deve vê-la como um centro de gravidade do cinema europeu, porque tudo o que você não encontra na França, pode encontrar bem próximo, na Europa. - Dimitri Rassam

Emilia Pérez e A Substância

Jacques Audiard, por sua vez, decidiu filmar Emilia Pérez nos estúdios Bry-Sur-Marne, na França, para trabalhar com sua equipe habitual, conforme confessou em entrevista à Variety em janeiro de 2023. A escolha, portanto, foi criativa, para que tivesse mais controle sobre o espaço e a luz na reprodução de cenários mexicanos. 

O filme, estrelado por Zoe Saldaña, Selena Gomez e Karla Sofía Gascón, está sendo cotado para concorrer a diversas categorias da edição do Oscar de 2025, inclusive de Melhor Filme. 

Coralie Fargeat filmou A Substância no Epinay Studio da TSF, nos arredores de Paris, além da Costa Azul. Segundo a Variety, ela queria que o filme, protagonizado por Demi Moore e Margaret Qualley, tivesse uma estética alternativa de Los Angeles. 

Atrativos da França

A França tem atraído produções nacionais e internacionais devido às suas locações e equipes. No entanto, cidades como Praga e Londres oferecem incentivos fiscais mais vantajosos em relação a Paris.

De acordo com a Variety, a França oferece um reembolso de 30% sobre as despesas qualificadas incorridas no país, e até 40% se os efeitos visuais forem feitos localmente e ultrapassarem € 2 milhões. Além disso, um plano do governo chamado França 2030 está investindo na construção de estúdios e espaços de filmagens, como backlots. 

“Algo como 50 estúdios estão sendo construídos no momento, incluindo nossa instalação, o TSF Paris Backlot, que ocupa uma área de 3,7 acres e reproduz as ruas de Paris”, afirmou Kleindienst, revelando ainda que o empreendimento recebeu US$ 15,8 milhões como parte do programa França 2030. 

“Assim como em Los Angeles, tem se tornado cada vez mais difícil para as produções filmarem dentro das grandes capitais. Por isso, os backlots têm se tornado cada vez mais importantes para controlar o ambiente enquanto ainda se tem muita liberdade para filmar”, explicou.

Kleindienst também acrescentou que a França tem adotado uma política sustentável em relação às produções filmográficas: “Em uma produção comum, há entre 10 e 15 toneladas de resíduos, e nos nossos estúdios na França vamos reciclar 98% disso. Então, cada pedaço de madeira, cada peça de metal, é reciclado”. 

Outro atrativo da França está relacionado às equipes. “Em um projeto aqui, precisaríamos de uma equipe de no mínimo 150 pessoas, e fizemos o mesmo com 50 a 75 pessoas, sem precisar de uma estrutura maior. E é assim que se faz na França,” afirmou Roewe.

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