Filme sobre Priscilla e Elvis Presley chega aos cinemas brasileiros, em sessões antecipadas, a partir desta quinta-feira (21); leia a crítica
Henrique Nascimento (@hc_nascimento) Publicado em 16/10/2023, às 13h00 - Atualizado em 21/12/2023, às 13h00
Paixão é um sentimento que, facilmente, pode se confundir com amor, mas não é. Na definição, é um sentimento intenso sobre algo que pode, sim, ser amor, mas também pode ser ódio, desejo, atração ou excesso de entusiasmo. É importante que isso fique claro antes de falar sobre Priscilla, novo longa de Sofia Coppola, que conta a história da mulher que ficaria conhecida como a esposa de Elvis Presley, a única a conhecer outro lado de um dos maiores astros da música de todos os tempos.
A Rolling Stone Brasil e o CineBuzz tiveram a oportunidade de conferir a produção, que chega aos cinemas brasileiros em sessões antecipadas a partir desta quinta-feira (21), durante a 25ª edição do Festival do Rio, realizada entre os dias 5 e 15 de outubro no Rio de Janeiro. Baseado no livro Elvis e Eu, escrito pela própria Priscilla Presley em parceria com Sandra Harmon, o longa diz pouco sobre a sua protagonista, focando no relacionamento tortuoso entre a mulher e o o seu ídolo, que parecia incapaz de amá-la plenamente.
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Sem se preocupar com contextos, Priscilla nos joga, como penetras, na vida da jovem então conhecida como Priscilla Beaulieu. Nas cenas iniciais, vemos a jovem, aos 14 anos, abordada por um desconhecido, que a convida para uma casual visita a casa de Elvis Presley, como se ele não fosse uma das maiores estrelas em ascensão da época. Uma fã do astro, como qualquer garota de sua idade na época, Priscilla consegue a aprovação dos pais para ficar frente à frente com o ídolo que, para a sua sorte, logo se apaixona por ela.
Em um primeiro momento, ele é respeitoso, amável, carinhoso, o que faz com Priscilla acredite que encontrou o amor de sua vida. No entanto, Elvis também é distante, física e emocionalmente. Ele parece retribuir o interesse romântico da garota, mas de uma forma bastante peculiar, como se ela fosse um presente caro, que ele precisasse tomar o maior cuidado possível.
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Sem grandes promessas, Elvis coloca a garota debaixo de sua asa, garantindo que não irá perdê-la para a sua pouca idade, providenciando tudo o que ela precisa para ser a sua grande conquista, mudando-a para a sua casa, escolhendo o colégio em que ela dará conta de seus estudos, vestindo-a com as melhores roupas e opinando até mesmo sobre a cor de seus cabelos.
Priscilla, então, se torna coadjuvante de sua própria vida, existindo em função do relacionamento com Elvis, que em certos momentos parece um conto de fadas, admirado por tantas mulheres que gostariam de estar no lugar da jovem, mas em outro se revela um pesadelo, quando Elvis se mostra muito mais do que apenas um homem controlador, mas também temperamental, explosivo e agressivo, que não consegue distinguir os próprios sentimentos de amor e ódio pela esposa.
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Formado por fragmentos de mais de uma década de relacionamento, Priscilla peca por ser superficial. É difícil condensar os anos de vivência entre Priscilla e Elvis em cerca de duas horas de filme, como o roteiro de Sofia Coppola tenta alcançar, e ultimamente se torna cansativo tentar se situar entre os diferentes momentos apresentados na tela.
Apesar disso, o longa cumpre o seu papel de retratar o abandono de Priscilla por Elvis, mesmo depois de se moldar para caber em um ideal de relacionamento criado singularmente por ele. Cailee Spaeny (Jovens Bruxas: Nova Irmandade), escolhida para viver a protagonista, faz um excelente trabalho ao retratar Priscilla nas diferentes fases do relacionamento, desde a jovem inocente até a mulher descontente e frustrada, que é obrigada a viver com a insegurança de um casamento instável.
A vida não foi justa com Priscilla Presley, obrigando-a carregar o fardo de ser a eterna esposa de um dos maiores ídolos da história da música, e não é o filme de Sofia Coppola que mudará isso. Mas é interessante desconstruir a imagem de quem foi Elvis Presley e aproximá-lo de uma forma mais humana, especialmente após o sucesso de Elvis, cinebiografia do artista por Baz Luhrmann, lançada em 2022: ele até poderia parecer um deus para muitos, mas também era humano, falho, como qualquer outro homem.
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