Hilda Morana relatou o ataque sofrido em 2005
Aline Carlin Cordaro (@linecarlin) Publicado em 30/10/2024, às 17h17
A psiquiatra Hilda Morana, especialista em perfis psicológicos de psicopatas, revelou que foi atacada pelo assassino em série Francisco de Assis Pereira, conhecido como o Maníaco do Parque, em 2005, durante uma entrevista dentro da Penitenciária de Itaí, no interior de São Paulo. O relato foi dado em entrevista ao podcast Surtadamente.
Hilda conduzia uma tese de doutorado pela Universidade de São Paulo (USP), que analisava a mente de psicopatas e suas possibilidades de recuperação, entrevistando dezenas de detentos em penitenciárias de São Paulo, entre eles, o Maníaco do Parque. Condenado a 285 anos de prisão pelos assassinatos e estupros de várias mulheres, Francisco Pereira cumpre pena desde 1998, e, durante uma de suas sessões com Hilda Morana, ele a atacou. Segundo a psiquiatra, logo no início da entrevista, o criminoso reclamou do barulho no corredor e pediu que a porta fosse fechada. Embora alertada sobre o risco de estar a sós com o detento, Hilda cedeu ao pedido e fechou a porta.
Assim que a porta se fechou, o criminoso avançou contra ela, pressionando seu pescoço e ameaçando: “E se eu mato a senhora agora?”. Morana, no entanto, manteve a calma e conseguiu afastar as mãos do agressor. A psiquiatra descreveu o incidente como uma tentativa de “chamar a atenção” e não necessariamente uma vontade real de matar. Ela continuou a pesquisa e voltou a entrevistar o Maníaco do Parque outras cinco vezes na mesma penitenciária.
Em sua tese de doutorado, Hilda Morana descreveu Francisco como apresentando um “transtorno persistente de personalidade, com elevadíssima periculosidade”. Segundo ela, “este indivíduo é mais perigoso que a média e deve ser contido, pois, devido à falta de controle interno, é necessário um controle externo rigoroso”. Do ponto de vista médico-legal, a psiquiatra afirma que Francisco é considerado semi-imputável, mas que ele não responde a tratamentos curativos específicos. Ainda segundo a psiquiatra, mesmo após os 30 anos de pena máxima, Francisco “continuará a representar uma ameaça”.
Apresenta um transtorno persistente de personalidade, com elevadíssima periculosidade. Este indivíduo é mais perigoso que a média e deve ser contido, pois, devido à falta de controle interno, é necessário um controle externo rigoroso.
Do ponto de vista médico-legal, é considerado semi-imputável e, geralmente, não responde ao tratamento. Não sendo um caso passível de tratamento curativo específico, conforme estabelece o Artigo 98 do Código Penal, não se recomenda a aplicação de medida de segurança. No entanto, é certo que, mesmo após 30 anos de cárcere, o indivíduo continuará a representar uma ameaça.
Atualmente com 56 anos, o Maníaco do Parque está próximo de concluir o período máximo de 30 anos de reclusão estabelecido pela legislação brasileira. Caso seja libertado em 2028, ele poderá representar um risco à sociedade, de acordo com o promotor Edilson Mougenot Bonfim, que conseguiu a condenação de Francisco no Tribunal do Júri. “Voltará a matar”, afirmou Bonfim recentemente em entrevista a Ullisses Campbell.
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