À Rolling Stone Brasil, o roteirista falou sobre o primeiro episódio de Supositório, que contou com Fábio Porchat e Maurício Stycer, e ainda revelou spoilers exclusivos
Pamela Malva Publicado em 23/08/2022, às 15h00
Você já parou para pensar o que aconteceria se o Silvio Santos tivesse ganhado as Eleições Presidenciais de 1989? Como seria o dia seguinte em um Brasil governado pelo dono do Baú da Felicidade? Essas são as perguntas que André Brandt tenta responder no primeiro episódio do seu novo podcast, Supositório, original do Spotify, lançado na última segunda-feira, 22.
Em entrevista exclusiva à Rolling Stone Brasil, o roteirista explicou de onde surgiu a inspiração para um podcast que, segundo ele próprio, se propõe a divagar sobre suposições cômicas e bastante inesperadas. Durante a conversa, Brandt ainda comentou sobre seus primeiros convidados e deu spoilers exclusivos sobre o próximo episódio.
Segundo André, tudo começou com os podcasts já presentes no mercado, onde ele percebeu existir “uma saturação de muitos famosos dando entrevistas”. “Eu não aguentava mais isso, vê-los respondendo às mesmas perguntas, como foi fazer tal música, como foi quando começou, quem foi a primeira pessoa que acreditou nele, esse tipo de coisa.”
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Foi assim que o roteirista decidiu criar o seu próprio “papo de bar”, reunindo dois convidados que, em essência, fariam o trabalho de imaginar as consequências das mais diversas suposições. No primeiro episódio, por exemplo, Fábio Porchat e Maurício Stycer discutem o que aconteceria se Silvio Santos tivesse sido presidente do Brasil.
Quis achar formatos que a gente conseguisse extrair coisas dos famosos, sem a mesmice do que estão sempre preparados e confortáveis em dizer. Porque, nestes 12 anos trabalhando com televisão e convivendo com famosos, percebi que no camarim eles eram muito mais legais do que na frente das câmeras", disse André.
Uma vez criada a ideia do podcast e definido seu nome — que, segundo o apresentador, apesar de inesperado, traz uma carga cômica e “entrega 100% do que é o projeto” — veio a necessidade de encontrar os convidados, “duas pessoas aleatórias, daquelas que, de repente, ficam amigas e você não espera”.
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Conheço bastante gente que conhece meu trabalho e topa minhas loucuras. Brinco que eu acumulei todas minhas cartas quebrando galhos e fazendo favores a famosos para eles virem ao Supositório. E a aceitação tem sido ótima, todos têm curtido e isso é muito legal.”
Ao selecionar os convidados, então, André pensou em pessoas que se relacionam com os temas dos episódios de alguma forma, mas não necessariamente como especialistas. “Inclusive, fica mais legal quando o convidado não é”, afirmou. Ainda assim, ele frisa que é “importante ter ao menos um dos convidados que esteja mais ligado ao assunto”.
No primeiro episódio, por exemplo, o Maurício Stycer traz um pouco mais de lucidez ao papo. Ele fala algo realista e depois viaja de volta. E isso funciona bastante para o formato. Além de proximidade", explicou.
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Durante a entrevista, André deixa claro que, diferente de outros podcasts de entrevistas, o Supositório, além de roteirizado, ainda conta com um tema específico, que direciona a conversa. “A gente tem orgulho de falar que o Supositório tem roteiro, sim. Eu, como roteirista, acredito que um bom roteiro guia uma boa entrevista”, explica.
É muito legal ver essas pessoas que não são humoristas se divertindo e fazendo piada com os temas. É um lugar de desconstrução para os convidados. Por exemplo, trouxemos o Babu num episódio e não falamos de BBB. E é legal ver o famoso feliz abordando outros temas. Pois eles também têm opiniões, têm suas loucuras e seus devaneios.”
Os temas, nesse sentido, são criados por diversas mãos. Além dos roteiristas da produtora Farra, que André comanda ao lado de Gui Vieira e Gui Cintra, o Supositório também conta com os textos de Stephanie Marques, uma comediante de stand-up que encabeça a criação dos temas, junto da equipe criativa que busca inspiração em assuntos do dia a dia.
Mas não se engane com a aparente abrangência do podcast. Segundo André, existem temas que jamais seriam abordados, mesmo que em tom de piada. “Eu jamais traria pessoas homofóbicas, racistas. Esta galera não merece destaque na mídia. Não vou trazer ninguém que foi racista para tentar se explicar. Aqui meus convidados são pessoas que eu admiro.”
Afirmando que prioriza sempre a experiência auditiva dos seus ouvintes, André pontua que seu podcast é “assumidamente de comédia”. “A minha ideia é não trazer pessoas para serem levadas a sério, nem para falar sério. Eu quero as pessoas conversando e se divertindo, como se elas estivessem num churrasco, depois de algumas cervejas.”
Por fim, o apresentador revelou, com exclusividade à Rolling Stone, que o próximo episódio promete supor o que aconteceria “se o Brasil já tivesse ganhado um Oscar”. Pensando nisso, os convidados para a conversa foram o ator Babu Santana e o jornalista Felipe Andreoli.
“O Felipe não fala de futebol, ele supõe se 'Cinderela Baiana' ganha o Oscar, o que ia acontecer no dia seguinte no Brasil. Já o Babu conta bastidores do cinema, algum trabalho que o decepcionou. A gente foi para lugares muito loucos. Este é o tipo de dupla que a gente não sabe o que vai dar. Mas, no final, o resultado é maravilhoso. Acho que é um dos meus episódios preferidos, dos que já gravamos.”
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