Billy Porter também explicou como foi um dos primeiros a arriscar a vida por usar vestido em público
Redação Publicado em 18/10/2021, às 10h52 - Atualizado em 20/10/2021, às 18h15
Harry Styles fez história ao ser primeiro homem a usar vestido na capa da Vogue, icônica revista de moda dos Estados Unidos. No entanto, segundo informações do POPline, o ator e cantor Billy Porter criticou essa escolha e afirmou como deveria ter levado créditos porque foi pioneiro na moda não binária - quando distinções e determinações entre roupas masculinas e femininas deixam de existir e a pessoa se veste da maneira como se sente confortável.
"Eu, pessoal, mudei todo o jogo. E isso não é ego, é apenas um fato. Fui o primeiro a fazer isso e agora todo mundo faz," opinou o astro durante entrevista ao Sunday Times Style. Nas premiações e eventos de Hollywood, Porter, quem interpretou Fada Madrinha em Cinderela (2021), sempre chama atenção pelos vestidos elaborados e cheios de cor.
"Sinto como a indústria da moda me aceitou por obrigação. Não estou necessariamente convencido e aqui está o porquê. Criei a conversa [sobre moda não binária] e ainda assim a Vogue ainda colocou Harry Styles, homem branco heterossexual, em um vestido na capa pela primeira vez," continuou.
No entanto, mesmo com as críticas, Billy Porter tem nada contra o dono de "Watermelon Sugar": "Não estou falando mal de Harry Styles, mas é ele quem você usará para representar esta nova conversa? Ele não se importa, ele só está fazendo isso porque é a coisa certa a fazer."
Por fim, Porter explicou como a moda é importante para ele, porque representa "política" e "minha vida." Além disso, comentou a trajetória dele nesse aspecto. "Precisei lutar sempre para chegar ao lugar onde pudesse usar um vestido para o Oscar e não ser morto. Tudo que ele precisa fazer é ser branco e heterossexual."
A nova versão de Cinderela, estrelada pela cantora e ex-integrante do grupo Fifth Harmony Camila Cabello, estreou no serviço de streaming Amazon Prime Video nesta sexta, 3 de setembro. O tradicional enredo da princesa é apresentado de forma moderna, e alguns personagens e conceitos também foram adaptados, como a Fada Madrinha, interpretada por Billy Porter, famoso pelo papel de Pray Tell na série Pose (2018).
A Fada Madrinha, na nova versão live-action, chama-se Fab G e desafia convenções da binaridade de gêneros. Aos 51 anos, Porter conversou com o Splash UOL e revelou como torce para que a personagem ajude o público a aceitar individualidades dos outros: "Todos nós somos, antes de tudo, seres humanos. Respeitar a humanidade de todos é o objetivo de sermos humanos."
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— Cinderella (@Cinderella) September 3, 2021
Porter está acostumado a desafiar padrões além do personagem em Pose, um mestre de cerimônias dos ballrooms em Nova York (EUA) da década de 1980. Nos tapetes vermelhos das diversas premiações às quais foi indicado, costuma usar roupas que misturam artigos vistos como femininos e masculinos, transcendendo as regras de como cada pessoa deve se vestir.
O ator é, também, um símbolo de coragem, especialmente para a comunidade LGBTQ+. Em maio de 2021, revelou ser HIV positivo desde 2007 — mantinha o segredo com medo de ser marginalizado, ainda segundo o Splash UOL. "Foi o pior ano da minha vida. Vivi com vergonha e em silêncio durante 14 anos. De onde vim, crescendo em uma família Pentecostal e muito religiosa, HIV é uma punição de Deus," disse ao The Hollywood Reporter.
Em 2020, Porter também dividiu outros detalhes de sua vida pré-Pose, como o assédio que sofreu por parte do parte do padrasto entre sete e 12 anos, além de ter se revelado gay no meio da crise da AIDS: "Não houve um momento que eu não vivesse em trauma," disse.
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