Há 60 anos, a personagem mais famosa de Mauricio de Sousa ganhava vida; o aniversário é comemorado com espetáculo dirigido por Mauro Sousa
Heloísa Lisboa (@helocoptero) Publicado em 16/08/2023, às 16h00
Seus avós, seus pais, você e muito provavelmente seus filhos, caso tenha, conhecem a Turma da Mônica. O universo que começou a ganhar vida em 1959 com tirinhas publicadas na Folha da Tarde, hoje Folha de S.Paulo, tornou-se uma memória querida da infância de ao menos três gerações. Consolidada em 1963, Mônica e os amigos Cebolinha, Cascão e Magali, entre tantos outros, têm protagonizado histórias de diversos gêneros desde então.
A partir de 2008, a Turma da Mônica amadureceu e passou a enfrentar problemas já abraçados pelos jovens que acompanharam as crianças do Bairro do Limoeiro durante a própria infância. Percorrendo desenhos animados e ganhando uma versão "live-action" em Turma da Mônica: Laços (2019), os personagens de Mauricio de Sousa fizeram e continuam fazendo parte da vida de muitos brasileiros (até na alimentação).
Saí para caminhar e comprar maçã da turma da mônica pic.twitter.com/jtLmw4XQ6E
— DUDUZINHO (@WellingtonbRms) July 9, 2023
De seus 87 anos, Mauricio compartilhou mais da metade com Mônica — a figura mais famosa da Turma e que completa 60 anos em 2023. O nome dado à personagem é o mesmo que o cartunista deu à filha que hoje está com 62 anos. Magali também foi inspirada em uma das filhas de Mauricio, assim como Marina (personagem homônima), Mauricio Takeda (Do Contra), as gêmeas Vanda e Valéria (personagens homônimas), Maurício Spada (Professor Spada), Marcelo (Marcelinho), e Mariângela (Maria Cebolinha).
Mauro, por sua vez, foi a referência para um personagem um pouco menos conhecido: o Nimbus, irmão de Do Contra. Foi com ele que Mauricio de Sousa deu vida a um espetáculo que celebra os 60 anos de Mônica. Ela e os amigos embarcam em uma história que atravessa os diferentes multiversos da Turma da Mônica, de forma fiel aos traços característicos de cada fase da construção dos personagens.
Palhaços, um mágico e ninguém mais, ninguém menos, que Taís Araújo juntam-se ao evento que começou em São Paulo, em 1º de julho, e segue até 27 de agosto, no Rio de Janeiro. "Com números circenses de tirar o fôlego, efeitos especiais, projeções mapeadas, músicas inéditas e… surpresas extraordinárias, essa superprodução promete emocionar todos os fãs da menina de vestidinho vermelho com seu coelho azul, que se tornou um ícone nacional!", diz a sinopse.
Para entender melhor o formato que as narrativas de Mauricio ganhou na produção musical do Circo da Turma da Mônica, a Rolling Stone Brasil conversou com o próprio autor dos gibis e seu filho, Mauro Sousa, diretor, produtor-geral e roteirista do espetáculo. Confira entrevista completa abaixo.
Rolling Stone Brasil: Turma da Mônica atravessa mais de uma geração, afinal são 60 anos de existência. Como o espetáculo consegue conversar com um público formado por pessoas de diferentes faixas etárias?
Mauro: Essa é uma das principais características do universo da Turma da Mônica: conversar com públicos de diferentes faixas etárias. Costumamos dizer que os projetos que envolvem a Turma da Mônica são para pessoas de 0 a 100 anos.
A Turma da Mônica continua surpreendendo e encantando há muitos anos porque é uma marca que vem acompanhando a evolução dos tempos, mas sempre mantendo sua essência: divertir, educar e levar mensagens de amizade, de respeito, de amor ao próximo.
E o espetáculo traz tudo isso, ao mesmo tempo em que faz uma grande festa para celebrar os 60 anos da personagem Mônica.
Rolling Stone Brasil: Como surgiu a ideia de juntar esses personagens com uma apresentação circense?
Mauro: Primeiro, é importante voltar um pouco no tempo e dizer que o projeto do Circo da Turma da Mônica nasceu em 2018. A arte circense faz parte da cultura brasileira e nossa ideia desde o início foi integrar a Turma da Mônica nesse universo do circo, falando de pluralidade cultural, de valorização de artistas, de diversidade, de brasilidade. Fizemos um espetáculo em 2018 e outro em 2019.
[O ano de] 2023 marca a volta do Circo, neste que é o maior espetáculo já produzido pela Mauricio de Sousa Produções e justamente numa data mais que especial: o ano de comemoração aos 60 anos da personagem Mônica. Portanto, o princípio do processo criativo do Circo foi realmente transformar o espetáculo em uma grande festa.
Nós criamos o roteiro, as cenas e a participação dos personagens a partir do que chamamos de Mônicaverso, que faz alusão ao multiverso da Mônica — com suas diversas fases, momentos e traços. Ou seja, toda sua representatividade e momentos ao longo dos anos. Na prática, nós levamos o espectador a uma viagem completa ao universo da personagem com efeitos especiais, experiências sensoriais, jogos de luzes, grandes cenografias, números circenses e, pela primeira vez, números de mágica, ilusionismo e até esportes radicais.
Rolling Stone Brasil: Ao longo desses 60 anos, muita coisa mudou no Brasil e na sociedade como um todo. Por isso, é importantíssimo que a produção se preocupe com inclusão e diversidade e dê espaço para artistas como Ayô Tupinambá. Como vocês esperam que o público reaja a essa iniciativa? Por que se preocuparam com isso?
Mauricio: Eu gosto de frisar que diversidade e inclusão sempre estiveram presentes no universo da Turma da Mônica, representados por tantos personagens criados ao longo dos anos com diferentes características, idades, etnias, cada um do seu jeitinho.
Mauro: Diversidade e inclusão são valores fundamentais dentro da Mauricio de Sousa Produções. Acreditamos muito na importância do respeito às diferenças, principalmente quando estamos falando em minorias. E no projeto do Circo não poderia ser diferente
A aceitação do público tem sido espetacular. Lembrando que temos no espetáculo pessoas que compõem universos LGBTQIAP+, étnico racial, multiplicidade de corpos, PcD e empoderamento feminino.
Rolling Stone Brasil: O espetáculo tem supervisão de Mauricio de Sousa e é dirigido por Mauro Sousa, que também fez parte do roteiro. Essa relação entre pai e filho reflete de alguma forma nas escolhas para a apresentação? O quão livre Mauro se sentiu para tomar conta de uma homenagem tão grande?
Mauricio: O Mauro já nasceu para o espetáculo. Depois de estudar e trabalhar em grandes musicais é que se sentiu forte para levar esta área de shows e parques do estúdio Mauricio de Sousa para o patamar em que está hoje.
Mauro: Meu pai sempre me deu total autonomia, além de apoio incondicional, para tocar os projetos da divisão Ao Vivo do grupo. Tenho muito orgulho disso. Mas claro, a supervisão geral é sempre do Mauricio. Ele participa, opina, aprova.
Importante frisar que, a despeito da relação pai e filho, profissionalmente temos trabalhado há anos juntos para que hoje tenhamos essa relação equilibrada, de troca, mas sempre respeitando a questão de líder e gestor.
Rolling Stone Brasil: O que esperar da Turma da Mônica nos próximos anos? Veremos mais ou talvez menos produções com os personagens? Acham que serão trazidos novos temas?
Mauro: Sem dúvida veremos mais produções com personagens e temas abordados. Essa é a missão da divisão que eu dirijo na empresa: transformar o universo criado por Mauricio de Sousa em experiências inesquecíveis para toda a família. Não somente por meio de espetáculos musicais, mas também por meio de parques, espaços temáticos interativos em hotéis e shoppings, encontro com personagens e tantas outras possibilidades.
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