Terra Field, funcionária da Netflix, foi suspensa após usar as redes sociais para acusar Dave Chappelle de transfobia em especial; streaming negou relação com comentários
Redação Publicado em 14/10/2021, às 09h59 - Atualizado em 15/10/2021, às 11h03
Dave Chappelle: Encerramento é o último especial de comédia do humorista a estrear na Netflix — e levantou diversas polêmicas. Lançada no Brasil em 5 de outubro, a produção levou ao desligamento (e depois à recontratação) de uma funcionária do streaming que criticou o artista e o acusou de transfobia.
Conforme explicou a Folha de S. Paulo, Chappelle prometeu que Encerramento seria o último especial de comédia stand-up da carreira. Além de ser um marco para a trajetória do humorista, a produção é alvo de diversas entidades LGBTQ+ — e, inclusive, é o centro de pedidos para a Netflix tirar a atração do ar.
No especial, segundo o UOL, Chappelle faz diversos comentários considerados, por ONGs e entidades LGBTQ+, preconceituosos contra a comunidade trans. O humorista afirma, por exemplo, que “gênero é um fato”, além de dizer que os órgãos genitais de uma mulher trans “não são exatamente o que deveriam ser”.
Terra Field, engenheira de software da Netflix e mulher trans, usou o Twitter para criticar o especial do humorista e acusar Chappelle de transfobia. Logo após as publicações, ela foi suspensa e depois recontratada — algo que gerou diversas críticas à empresa (via Variety).
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Um porta-voz da Netflix afirmou que a demissão de Field não teve relação com as publicações da funcionária: "É falso dizer que nós suspendemos qualquer funcionário por tuitar sobre esse programa. Nossos empregados são encorajados a discordar abertamente dos nossos produtos e nós apoiamos seu direito de fazerem isso."
Em seu perfil no Twitter, Field acusou Chappelle de atacar a comunidade trans no especial de comédia: "Nossa existência é 'engraçada' para ele —e quando nós apontamos isso, somos os 'ofendidos'". Em uma publicação, ela escreveu:
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Ele ataca a comunidade trans e a própria validade da ser trans - tudo isso enquanto tenta nos colocar contra outros grupos marginalizados
I work at @netflix. Yesterday we launched another Chappelle special where he attacks the trans community, and the very validity of transness - all while trying to pit us against other marginalized groups. You're going to hear a lot of talk about "offense".
— Terra Field (@RainofTerra) October 7, 2021
We are not offended 🧵
O especial também gerou outras polêmicas. Jaclyn Moore, produtora da série Cara Gente Branca, anunciou o desligamento do streaming após a decisão da Netflix. Moore, que também é trans, afirmou nas redes sociais que não poderia trabalhar para a empresa após os comentários transfóbicos em Encerramento.
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A Variety obteve um documento interno de Ted Sarandos, diretor-executivo da Netflix, com orientações sobre o caso. Segundo o texto, Chappelle é um dos artistas que mais gera audiência para o streaming:
"Assim como em outros casos, nós trabalhamos muito para apoiar a liberdade criativa de nossos talentos —mesmo que isso signifique que haja conteúdos na Netflix que outras pessoas julguem como ofensivo," afirmou Sarandos no documento (via Folha de S. Paulo).
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