- Cena do documentário 'Os 13 Sobreviventes da Caverna' (Foto: Divulgação/ Netflix)

Os 13 Sobreviventes da Caverna: Relembre a história real que mobilizou a Tailândia em 2018

O caso dos jovens presos em uma caverna inundada chamou atenção do mundo todo e, recentemente, virou documentário da Netflix

Redação Publicado em 07/10/2022, às 10h00

Sob as montanhas do belo horizonte da província tailandesa de Chiang Rai, 12 meninos e seu técnico de futebol estão presos há dias na famosa caverna Tham Luang. É assim que começa o novo documentário da Netflix, lançado na última quarta-feira, 05.

Com quase duas horas de duração, Os 13 Sobreviventes da Caverna chega quatro anos depois do sufoco vivido pelos meninos, que tinham idades entre 11 e 16 anos, e seu técnico, que tinha apenas 24 anos. No documentário, então, os 13 jovens contam detalhes dos dias que passaram dentro da caverna antes de serem resgatados.

Esta não é, contudo, a primeira produção da Netlix sobre o resgate do time de futebol tailandês conhecido como Javalis Selvagens. Em 22 de setembro, a plataforma lançou a série O Resgate Na Caverna Tailandesa. Dividido em 6 partes e dirigido por Kevin Tancharoen e Nattawut Poonpiriya, o drama é inspirado na história real. Que você lembra a seguir.

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Um passeio malfadado

Era um sábado, dia 23 de junho de 2018. Animados com o treino de futebol que tinham acabado de fazer, os jovens jogadores do time Javalis Selvagens decidem visitar a já conhecida caverna Tham Luang. Desbravadores, muitos deles já conheciam o lugar e, segundo a BBC, tinham o costume de explorar as grutas sob o distrito de Mae Sai com frequência.

Acompanhados por Ekkapol "Ake" Chantawong, o técnico-assistente do time, os 12 garotos decidiram que ficariam na caverna por pouco tempo, já que Peerapat Sompiangjai, um dos jogadores, deveria voltar para casa em breve para comemorar seu aniversário de 17 anos, enquanto outro dos meninos tinha uma aula dali pouco tempo.

Ao chegar na caverna, se depararam com uma placa que advertia os visitantes dos perigos da dos túneis entre os meses julho e novembro — época em que as chuvas pioravam e alagavam completamente os corredores da caverna. Como era apenas 23 de junho, no entanot, o time fez uma votação e, com unanimidade, decidiram explorar Tham Luang mesmo assim.

Sempre juntos, os meninos e seu técnico deixaram suas bicicletas na entrada da caverna — ao lado de seus sapatos, celulares e mochilas — e partiram para a aventura. Os 13 só voltaram para casa mais de duas semanas depois.

Os meninos após o treino de futebol em foto tirada por outro treinador (Foto: Reprodução/ Nopparat Kanthawong)

 

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Os emocionantes resgates

Assustadora e, ao mesmo tempo, um grande ponto turístico da região, a caverna foi um dos primeiros destinos visitados pelos pais dos meninos depois que eles não voltaram para casa naquele sábado. E, segundo o documentário da Netflix, também foi onde o guarda-florestal Phet Phrommueang encontrou as 11 bicicletas das crianças antes de chamar o resgate.

Acionadas pela urgência da situação, as autoridades tailandesas logo montaram uma enorme operação, cujo único objetivo era tirar os 13 jovens da caverna com vida — e o mais rápido possível. A unidade de elite da Marinha local, a polícia nacional e outras equipes de resgate foram chamadas, mas a maioria dos mergulhadores tinha pouca experiência em cavernas.

Também existia a dúvida sobre o bem estar dos meninos. Será que estavam todos vivos? Se sim, estariam em que parte dos 10 km de extensão da caverna? As chuvas não davam trégua e nenhuma tática de resgate — desde bombear a água para fora dos túneis até perfurar as laterais da montanha — parecia funcionar.

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Dias excruciantes

Do lado de fora, um grupo de vigília aumentava a cada dia, com amigos, professores e familiares das crianças se reunindo para ajudar as autoridades e orar pelo sucesso da operação. O caso passou a chamar a atenção da mídia e voluntários começaram a aparecer.

No dia 28 de junho, especialistas da Aeronáutica dos Estados Unidos e mergulhadores de países como Reino Unido, Bélgica e Austrália se juntaram aos esforços de resgate. Foram, então, dias de luta constante contra as forças da natureza.

Já dentro da caverna, os 13 jovens viam-se sem qualquer saída. Por sorte, tinham água e oxigênio ao seu dispor, mas ficavam mais cansados, com fome e sem energia a cada dia que passava. Chegaram, inclusive, a firmar um acordo impensável: caso um deles morresse, serviria de alimento para os outros 12. Juntos, aprenderam a meditar com o técnico, que era um antigo monge, e tentaram cavar para encontrar uma saída.

Foi apenas em uma segunda-feira, dia 02 de julho de 2018, que os 13 jovens viram alguma luz pela primeira vez depois que ficaram presos. Aguardando pelo resgate, eles foram encontrados pelos mergulhadores norte-americanos John Volanthen e Rick Stanton.

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Os últimos esforços

Uma vez localizados pelas autoridades, os meninos começaram a receber comida, medicamentos e até mesmo cartas de suas famílias — que os jovens respondiam diariamente. Após a descoberta, no entanto, começava uma corrida ainda mais urgente: os 13 deveriam ser retirados dali antes que as chuvas piorassem e o oxigênio, que já estava baixando, acabasse.

No dia 07 de julho, duas semanas depois do desaparecimento dos meninos e após muitas simulações de resgate, as autoridades tailandesas anunciaram que as operações seriam iniciadas. Dezenas de mergulhadores foram mobilizados e enviados para dentro da caverna e duas etapas de um resgate meticuloso entraram em ação.

Após receberem aulas de mergulho, sendo que alguns não sabiam nadar, os garotos foram sedados, para que não entrassem em pânico durante o trajeto — que durava cerca de 3 horas de túneis estreitos, frios e alagados. Presente no documentário da Netflix, o anestesista e mergulhador australiano Richard "Harry" Harris foi o responsável pelos sedativos.

Presos a dois mergulhadores, os 13 jovens foram carregados, içados por macas e arrastados por túneis de água gelada antes de serem finalmente retirados da caverna. As operações duraram três dias, mas acabaram da melhor forma possível em 10 de julho, com os 13 sobreviventes salvos e encaminhados para um hospital de Chiang Rai.

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