Apresentado durante o novo longa da Marvel, K’uk’ulkan surgiu muito tempo antes de Namor, o vilão de Pantera Negra 2; entenda
Redação Publicado em 16/11/2022, às 08h00
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre estreou nos cinemas na semana passada, trazendo consigo uma enorme carga cultural. Isso porque, além da já conhecida Wakanda, o filme também apresentou a fantástica Talocan, civilização submersa comandada por Namor, o Príncipe Submarino.
Introduzido nos quadrinhos da Marvel em meados de 1939, Namor assume o papel de vilão no novo filme da franquia. Para os moradores de Talocan, cidade inspirada em civilizações pré-colombianas, entretanto, o personagem é um líder poderoso, considerado a reencarnação de Kukulkan, também conhecido como K’uk’ulkan, uma divindade mesoamericana. Mas, afinal, quem foi Kukulkan?
Antes de tudo, é interessante pontuar que a cronologia mesoamericana é dividida em diversos períodos, e uma das primeiras aparições de Kukulkan data do chamado Período Clássico. Na época, a divindade era conhecida como Waxaklahun Ubah Kan, a Serpente de Guerra.
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Poderoso, o culto de Kukulkan ultrapassou as barreiras do Período Clássico e das divisões linguísticas e chegou até Chichen Itza (o atual estado mexicano de Yucatán). Diretamente associada a Itza, no norte da Península de Yucatán, Kukulkan significa, na língua yucateca maia, “cobra emplumada" — daí a conexão direta com as representações da divindade conhecida como a Serpente Emplumada.
Foi em Chichen Itza, inclusive, que Kukulkan deixou de representar a Serpente da Visão, mensageira entre os deuses e o rei, e passou a ser conhecido como a divindade do território. Tempos mais tarde, Kukulkan também foi apresentado aos colonizadores espanhóis, através dos sumos sacerdotes do culto à divindade — considerados os patriarcas da família e os homens mais poderosos das cidades.
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Segundo o livro Handbook of Mesoamerican Mythology (ou Manual de Mitologia Mesoamericana, em tradução livre), dos autores Kay Almere Read e Jason González, existem diversas lendas sobre Kukulkan no folclore moderno de Yucatán. Em determinado conto, por exemplo, a divindade é descrita como um garoto que, nascido como uma cobra emplumada, é criado pela irmã dentro de uma caverna.
Quando torna-se adulto e já não cabe mais no lugar onde cresceu, entretanto, Kukulkan voa para o mar, gerando um maremoto ao cair na água. Desde então, segundo os autores, a divindade cria tremores nos mares todos os anos no mês de julho, para que sua irmã saiba que ele continua vivo.
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Já em contos descritos pelo livro Leyendas y consejas del antiguo Yucatán (Lendas e conselhos do antigo Yucatan), de Ermilo Abreu Gómez, Kukulkan utiliza sua habilidade de voar para tentar conversar com o Sol. Orgulhoso, o astro acaba queimando a língua da serpente alada. Em uma segunda lenda, a divindade sempre acompanha Chaac, o deus da chuva, prevendo as tempestades e limpando o planeta ao criar os ventos enquanto movimenta sua enorme cauda.
Nos contos dos maias lacandons de Chiapas, também descritos por Read e González, Kukulkan é uma cobra alada monstruosa, que, apesar de maligna, é o principal acompanhante do deus Sol. Acostumada a destruir tudo que encontra, a divindade conhece um garoto gentil, que lhe dá comida durante a fatídica viagem de Kukulkan entre a vida e a morte. Movida pela caridade do humano, a serpente emplumada retorna para o mundo terreno e, ao lado do garoto, constrói seu próprio país.
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