Redação Publicado em 10/02/2009, às 13h31
Franz Ferdinand
Tonight: Franz Ferdinand
Domino/Sony/BMG
Com um pouquinho de afrobeat, psicodelismo e disco-punk, quarteto evita ser cópia de si mesmo
Imagine uma interminável noite de partidas e chegadas, hotéis, passagens de som, apresentações e baladas – muitas baladas. Essa patuscada durou pelo menos dois anos para o quarteto escocês quando fizeram a turnê de promoção do segundo álbum, You Could Have It So Much Better, com 173 shows (cinco deles no Brasil). Tonight: Franz Ferdinand é uma noite diferente dessa, embora contabilize perdas e ganhos. Não à toa, em “Ulysses”, Alex Kapranos pensa ser o herói da Odisséia de Homero enquanto convida todos para a chapação. Roqueira e dançante, ela abre o disco e anuncia o clima. “Live Alone” e “Can’t Stop Feeling” chegam a ter a mesma levada de bandas como LCD Soundsystem, mas sempre com o toque inusitado dos escoceses. O construtivismo russo estampado na arte dos trabalhos anteriores dá a vez à tecnologia defasada e charmosa do Segundo Mundo. Polivoks, sintetizadores analógicos soviéticos fabricados na década de 1980, foram usados a rodo nas músicas. Em “Lucid Dream”, o abuso chega a transformá-la em electro. Ainda assim, há espaço para letras ainda mais inspiradas do que nos trabalhos anteriores, como em “No You Girls” e “Katherine Kiss Me”, unidas pelo mesmo tema – a incompreensão e a atração pelo sexo oposto. Tonight: Franz Ferdinand não traz a urgência de seu antecessor nem o impacto que foi o homônimo álbum de estréia em 2004, mas é ao mesmo tempo sarcasticamente inteligente e despretenciosamente divertido – qualidades que nem sempre andam juntas no britpop.
José Julio do Espírito Santo
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