Redação Publicado em 13/03/2009, às 08h51 - Atualizado às 08h54
Alceu Valença
Ciranda Mourisca
Biscoito Fino
Músico resgata “lados Bs” de seu cancioneiro e dá nova roupagem
Antes de se tornar músico, Alceu Valença foi jornalista e, antes de ser jornalista, já era poeta. É justamente esse seu último lado que dá consistência a seu novo álbum, Ciranda Mourisca, refletido como está em suas letras engenhosas e na irmandade existente entre elas. O músico resgata 12 canções desconhecidas de seus 35 anos de carreira, dando-lhes nova roupagem acústica e leves toques orientais. Alceu percebeu que algumas canções antigas poderiam assumir o conceito das cirandas. E buscou uma harmonização instrumental leve, com violas que remetem à música moura, ao Nordeste Ibérico. Fernando Pessoa é lembrado em "Loa de Lisboa", Jorge Amado homenageado em "Chuva de Cajus" e Drummond de Andrade surge em "Maracajá", para reaparecer depois em "Mensageira dos Anjos". Os pontos altos do disco se dão quando o compositor assume então o engenho dos mestres e - valendo-me de um verso seu - "com a pena dos versos de chumbo que faço" recria canções como "Sino de Ouro" e a lindíssima "Deusa da Noite". Um álbum lírico que talvez só venha a desagradar aos fãs do Alceu mais "agalopado".
Thiago Lins
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