Beijo Estranho - Reprodução

Beijo Estranho

Vanguart

Paulo Cavalcanti Publicado em 22/05/2017, às 16h38 - Atualizado em 25/05/2017, às 18h38

Dona de um folk gentil e poético, a banda Vanguart, formada em Cuiabá, tornou-se parte importante da cena indie de São Paulo, onde se fixou há uma década. No começo, o grupo lançou material independente, mas, com o CD/DVD Multishow Registro Vanguart (2009), o público cresceu. O namoro com o mainstream, porém, só foi de fato consumado com Muito Mais Que o Amor (2013), cuja faixa “Meu Sol” apareceu na trilha da novela Além do Horizonte.

Enquanto alguns esperavam que o time liderado pelo vocalista, Helio Flanders, entrasse às pressas em estúdio para capitalizar o feito, o Vanguart resolveu fazer as coisas em seu próprio tempo. No final de 2016, deram uma satisfação ao público com o DVD Muito Mais Que o Amor ao Vivo. Agora, depois de quatro anos sem um disco de inéditas, lançam Beijo Estranho, no qual oferecem uma força renovada ao cenário da MPB pop.

As canções vêm embebidas na vibração da MPB dos anos 1970, com truques melódicos à la Clube da Esquina e um pouco de nostalgia pelos anos 1980. No entanto, a intenção não parece ser soar retrô ou partir para uma paródia extemporânea – os músicos imprimem uma assinatura própria ao longo do disco.

A faixa-título poderia ser tocada em uma playlist de época ao lado de Secos & Molhados ou Sá, Rodrix e Guarabyra. Trata-se de uma canção mais acelerada, com o violino de Fernanda Kostchak como contraponto. “E o Meu Peito Mais Aberto do que o Mar da Bahia” é soul music clássica, trazendo cordas elegantes e Flanders caprichando no falsete. Na valsa folk “Homem-Deus”, canção com letra metafísica e filosófica, quem toma conta dos arranjos é Wagner Tiso, o homem responsável pelo espectro sonoro dos artistas mineiros na década de 1970. Em “Felicidades”, é a vez de o pop brasileiro oitentista ser referenciado, com um saxofone padrão FM pontuando a canção (a banda também faz um simulacro da melancolia dos Smiths). Já “Quando Eu Cheguei na Cidade” começa com um órgão lúgubre, e com a entrada do violino se transforma em rock.

A veia poética de Flanders e do baixista Reginaldo Lincoln segue inspirada, com os músicos oferecendo letras românticas e evocativas. Apresentando produção limpa e precisa de Rafael Ramos, Beijo Estranho traz referências na medida, sem que a banda perca sua essência.

Fonte: Deck

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