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Caetano Veloso e Maria Gadú

Redação Publicado em 05/05/2011, às 17h06 - Atualizado em 16/12/2011, às 19h50

Caetano Veloso e Maria Gadú

Multishow ao Vivo Caetano e Maria Gadú

Universal

Registro ao vivo tem belas interpretações, mas desgasta o já muito explorado repertório da cantora

Não é novidade: hoje, é tão difícil emplacar um disco que venda bem que, quando isso acontece, o repertório é explorado ao máximo em relançamentos e versões ao vivo. Maria Gadú lançou um belo álbum de estreia em 2009, emplacou faixa após faixa em produções da Rede Globo e se viu como um dos nomes mais populares na música brasileira em 2010, com o respaldo de mais de 100 mil cópias vendidas. Tudo isso com mérito extra, já que, em Maria Gadú, oito das 13 faixas são de autoria dela. Ainda que não se possa tirar a qualidade do trabalho, fica difícil receber tanto material ao vivo da jovem cantora. No final de 2010, veio o Multishow ao Vivo; agora, cerca de seis meses depois, surge mais um lançamento com a marca do canal pago, desta vez em parceria com Caetano Veloso (que também aparece no recém-lançado Caetano zii e zie). Como outros totens da MPB – Milton Nascimento e João Donato entre eles –, Caetano elogiou Gadú, muito antes de tocarem juntos. O encontro musical veio a convite da Globosat, que chamou os dois para o show de inauguração de um novo prédio da companhia. Como Paula Lavigne explica nos extras do DVD Multishow ao Vivo Caetano e Maria Gadú, a química entre os dois, no palco, foi natural, o que estimulou a ideia de uma turnê lado a lado. A gravação do álbum duplo ocorreu em dezembro de 2010, no Rio de Janeiro, no último de uma série de shows feitos pelo Brasil. Não há firulas nos arranjos – são apenas os dois no palco (ora juntos, ora separados), cada um com seu violão (ora simultaneamente, ora solo). Ao todo, são 26 músicas, divididas em dois CDs. No primeiro, a parte mais saborosa do lançamento, estão as faixas cantadas em parceria (11, todas de Caetano, exceto “Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa). “O Quereres”, “Vaca Profana” e “Nosso Estranho Amor” se destacam entre as demais, surgindo perfeitas para o canto em dupla. Há uma surpresa para os fãs: “Beleza Pura”, “Rapte-Me Camaleoa” e “Vai Levando” aparecem aqui pela primeira vez em um registro oficial ao vivo do cantor (no CD 2, com Caetano sozinho, há mais duas músicas nessa condição, “Milagres do Povo” e “Genipapo Absoluto”). Do repertório de Caê, Gadú canta sozinha “Podres Poderes”. Já Caetano escolheu “Shimbalaiê” para mostrar sem acompanhamento. É o primeiro e maior hit da cantora e foi tocado à exaustão no ano passado, o que tem lá seu lado negativo. Maria Gadú a escreveu quando tinha 10 anos, fato que justifica a letra mais simplista, em comparação às suas outras faixas autorais. O segundo disco é igualmente agradável aos ouvidos, mas menos pertinente. Gadú canta sozinha “Bela Flor”, “Encontro”, “Tudo Diferente”, “Dona Cila”, “Escudos” e “A História de Lily Braun”, todas presentes em seus lançamentos anteriores. Enquanto ela mantém a postura tímida (dá para ouvila rindo encabulada ao agradecer os aplausos), Caetano interage em sua parte solo do show, dando a deixa para o coro em “Odeio” e “Desde que o Samba É Samba”. O registro em vídeo deixa transparecer o clima de reverência de Gadú, que é mostrada abraçando o ídolo, emocionada nos bastidores e chorando, no palco, quando Caetano canta “Shimbalaiê”. Com um cenário simples como a apresentação, mas bonito, o show é mostrado na íntegra, porém em ordem diferente da dos CDs. Seria difícil um produto não funcionar com duas belas vozes, acostumadas ao estilo “banquinho & violão”. No entanto, a repetição cansativa do repertório de Gadú já começa a se tornar entediante.

BRUNA VELOSO

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