Nevilton
MARIANA TRAMONTINA
Publicado em 13/10/2011, às 11h44 - Atualizado em 14/10/2011, às 15h09Com letras espertas e boas guitarras, trio foge da ingenuidade do rock nacional
Depois de lançar um elogiado EP e receber um Prêmio Multishow, o trio paranaense Nevilton não traz novidades em seu disco de estreia para quem já conhece a banda. Mas, aos não iniciados, o grupo faz as honras com 14 temas de guitarra, baixo e bateria bem mais interessantes do que os que costumam frequentar rádios e festivais. Sobressai a combinação do power pop dos anos 90 com a inspiração do rock brasileiro, unindo guitarras sujas e acentos melódicos. Há momentos familiares, como “Pressuposto”, que nasceu pronta para FMs, e “A Máscara”, quando salta a semelhança vocal de Nevilton com Nando Reis e uma levada com jeito de Skank. As influências, no entanto, ultrapassam barreiras e traçam um perfil próprio, como a garageira “Fortuna”, que se desenrola em uma bossa que foge da obviedade. Os melhores momentos estão em “Tempos de Maracujá”, “Bolo Espacial” e no quase rockabilly “Me Espere Menino Lobo” e seu solo virtuoso sem ser gratuito. Com letras espertas e boas melodias, as canções têm uma essência pop, felizmente sem a ingenuidade que converte em música infanto-juvenil parte do repertório do rock nacional. A banda peca na falta de produção e de um polimento, mas, para ouvidos cansados da mesmice, Nevilton entrega música de verdade.
Fonte: Independente