<b>BUSCANDO INSPIRAÇÃO</b> Gil bebeu na fonte de Luiz Gonzaga em Fé na Festa - Beti_Niemeyer/Divulgação

Gingado Contagiante

Redação Publicado em 07/07/2010, às 08h40 - Atualizado às 08h44

Gilberto Gil

Fé na Festa

Geléia Geral/Universal Music

Compositor se revigora ao criar disco autoral com saboroso sotaque dançante e nordestino

Olha o Gil aí de novo, xaxando e levantando a poeira que andou baixa nos últimos discos de inéditas. A safra autoral de seu álbum junino é quente como a fogueira que ilumina quadrilhas Brasil adentro. Se a rítmica nordestina segue as lições básicas do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, não por acaso tributado na regravação reverente de “Aprendi com o Rei” , a poética das canções dá enfoque contemporâneo à festa. Se o xote “O Livre-Atirador e a Pegadora” acerta a mão ao abordar sem moralismos a fervura sexual dos arraias urbanos, o baião “Marmundo” alerta para a sujeira que está, não nas mentes, mas no planeta contaminado pelo bicho homem. A alegria da festa não é diluída nem pelas dúvidas existenciais levantadas pelo xote-canção “Não Tenho Medo da Vida”, contraponto ao tema similar do álbum de 2008. Tampouco pelas contemplações feitas com poesia solta em “Lá Vem Ela”, toada-baião que inaugura a parceria de Gil com Vanessa da Mata, cria do interior nordestino que fornece o mote de temas como “Estrela Azul do Céu”. Se São João também pode ser carioca, como sugere na canção-título, Fé na Festa repõe Gil com força na geografia da música popular do Brasil em época em que ninguém mais punha fé no compositor.

Mauro Ferreira

Leia também

Angry Cyclist


When Was The Last Time


God’s Favorite Customer


Libido


Liberation


Tanto Ódio