Em terceiro álbum, trio inglês revela o lado sinistro – e dançante – do amor -

I See You

The xx

Jon Solan Publicado em 23/02/2017, às 14h56 - Atualizado em 03/03/2017, às 14h24

Mesmo sendo uma banda que se considera minimalista, o The xx coloca uma dose extra de drama e emoção no sutil som que faz. O trio britânico mostra que pode não haver fronteiras entre o rock indie conduzido por guitarra, o R&B e a música dançante, aplicando tudo isso a canções sofisticadas e despidas de ornamentos. A soma de referências é ao mesmo tempo sinistra e convidativa. É o cenário apropriado para o baixista e vocalista, Oliver Sim, e a cantora e guitarrista, Romy Madley Croft, construírem tensão sonora em canções que falam de intimidade, confissões sussurradas e casos de amor com desfechos desajeitados.

Nos dois primeiros álbuns da banda, xx (2009) e Coexist (2012), cada pedaço de música – fosse uma guitarra com reverb, uma linha de baixo pulsante ou uma bateria distante – parecia ter sido organizado para causar uma sensação de “menos é mais”. O crédito vai para o integrante e produtor Jamie Smith, responsável pelas programações e batidas. Usando o nome Jamie xx, ele também é um dos mais importantes artistas de dance music do momento. Smith coloca tudo o que sabe neste terceiro álbum do The xx, tornando o som mais expansivo, costurado por pulsação disco, pop grandioso e baladas épicas variadas.

Os vocais são intensos, intercalando esperança e desencanto, como se os cantores estivessem protagonizando um romance noir moderno. “Dangerous”, a faixa de abertura, começa com os floreios de uma fanfarra antes de se acomodar em um groove sinuoso. Romy e Sim cantam juntos: “Eu não vou me esconder caso tudo termine”. Ainda assim, eles querem muito que se torne algo mais forte. O single “On Hold” lembra o Human League. Enquanto Sim canta, uma batida electro se sobrepõe a um esperto sample invertido de “I Can’t Go for That (No Can Do)”, da dupla Hall & Oates.

Romy Madley Croft se mostra particularmente poderosa aqui, cimentando o lugar dela no panteão das divas inglesas introspectivas do synth pop, a exemplo de Alison Moyet (Yazoo) e Tracey Thorn (Everything But the Girl). A cantora consegue fazer uma frase como “lá vêm minhas inseguranças” parecer um grito de guerra de fim de noite. Em “Performance”, Romy canta sobre ter que imaginar uma nova persona para ela por causa da dura realidade – a mágoa da separação é brutal demais. O The xx nunca havia se mostrado tão aberto – tanto no lado emocional quanto em suas ambições musicais. O resultado é marcante como sempre.

Fonte: Young Turks

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