Marina de La Riva
Marcos Lauro Publicado em 09/03/2012, às 12h20 - Atualizado às 12h28
Em esperado segundo disco, a latinidade segue ainda mais diversificada
A cantora mezzo cubana, mezzo brasileira finalmente aparece com material inédito. Se em 2007, no álbum de estreia, homônimo, ela valorizava total e somente a mistura Brasil/ Cuba, agora, em seu novo trabalho, Marina de La Riva foi pesquisar em outros territórios latinos para a formação de seu repertório. Depois de um DVD ao vivo, chega Idilio, que abre espaço para ritmos argentinos e porto-riquenhos, além de brasileiros, é claro.
O tempo é algo totalmente relativo e abstrato para a artista. O disco, antes prometido para julho de 2011, chega mais de seis meses depois. Antes de finalizar o trabalho, Marina tomou distância para tentar olhá-lo de fora e fazer uma avaliação isenta – se é que isso é possível. Após alguns meses, a certeza: era isso que ela queria. Agora o trabalho ganha as ruas e os ouvidos.
“Ausência”, de Vinicius de Moraes e Marília Medalha, mostra o amadurecimento de Marina, com uma voz segura e tão imponente quanto delicada. A música estava “guardada” nos pensamentos da cantora desde 2007 e quase deu nome ao disco, mas “Idilio” – “romance”, em espanhol – levou. Criação do porto-riquenho Titi Amadeo, a faixa é uma salsa que torce para que um romance dure para sempre. “Assum Preto” foca em um baixo acústico e um violoncelo para acompanhar Marina. São suficientes para transmitir, em tons graves, a tristeza da letra de Luiz Gonzaga. A música foi gravada em um único take, já na finalização das sessões no estúdio. A clássica “Estúpido Cupido” foi transformada em mambo e tem arranjos de metais e um piano que tiram os mais animadinhos da cadeira. Conhecida na voz da cubana Celia Cruz, “Dile Que por Mi No Tema” vira um cool jazz, para acompanhar estalando os dedos.
Mas é claro que Cuba não poderia deixar de aparecer com relevância. “Canción de las Simples Cosas” foi gravada da mesma forma que as músicas do primeiro disco: em Cuba, com músicos locais. Para essa faixa foram recrutados três grandes nomes: Fabián Garcia Caturla é baixista e trabalhou com o maestro Enrique Jorrin, o inventor do cha cha cha. Papi Olviedo toca tres cubano – um instrumento de seis cordas agrupadas em pares – e Adel Gonzales, percussionista, que estava só de passagem pelo estúdio e foi atraído por Marina. A canção, bem pop, foi escolhida para ser o primeiro videoclipe da cantora. “Voy a Tatuarme” é um guaguancó, ritmo originado na rumba, com um piano marcante.
Para os compradores via iTunes Store, um brinde: duas músicas extras. “Propriedade Particular” tem letra de Lulu Santos e arranjos de Luizinho Sete Cordas, que empresta a sua experiência no choro para a faixa. A segunda é “Tu Me Acostumbraste”, do cubano Frank Dominguez, que já ganhou versões de Caetano Veloso e Luis Miguel. Aqui, Marina conta com a participação do trombone de Raul de Souza, que também está em “Muñeca”, do porto-riquenho Eddie Palmieri, e “Añorado Encuentro”, de Vicentico Valdez.
Idilio tem arranjos do cubano Pepe Cisneros e foi gravado, em boa parte, ao vivo, com os músicos juntos no estúdio, o que cria um clima que valoriza as músicas com andamento mais lento e revela a densidade de todo o disco. Há uma certa tristeza, mas que não deixa o ouvinte para baixo. É um sentimento que amplia a percepção, uma densidade que faz pensar. Ou que, pelo menos, faz com que o ouvinte volte toda a sua atenção para as nuances do CD de uma forma mais profunda do que costuma fazer.
Fonte: Mousike/Universal
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