Infinito

Fresno

Pablo Miyazawa

Publicado em 14/11/2012, às 19h58 - Atualizado em 19/11/2012, às 14h12
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Fresno - Divulgação

Grupo dá guinada progressiva em disco ambicioso

A diferença do Fresno para outros nomes da mesma geração é a ânsia em fazer diferente a cada projeto. É uma banda mutante, mas a essência não se altera: o líder Lucas Silveira continua a querer conquistar o universo, um riff de guitarra, um acorde de piano e um grito melodioso e desesperado por vez.

Infinito é, como o nome prevê, ambicioso (a faixa-título ganhou clipe filmado na estratosfera – isso diz muito). Em 11 faixas, o Fresno se impõe novos padrões estilísticos e ignora os próprios limites estabelecidos. Os fãs podem estranhar mais essa guinada, mas reconhecerão a banda por trás dos arranjos intrincados, por mais que ela se encontre descaracterizada: o baixista Tavares deixou o grupo para seguir carreira solo. Ele faz falta na medida em que Lucas não tem mais com quem dialogar nos versos de cunho altamente pessoal. Aqui, o líder canta sozinho (a voz é o carro-chefe, sempre conduzindo as canções), além de cuidar da produção grandiosa e rebuscada. Há guitarras por toda a parte, pianos, orquestra e coros. Ecos óbvios de rock progressivo contribuem para a sensação de álbum-conceito, com faixas que conversam entre si – são raros os momentos de freio de mão puxado ou desprovidos de carga épica e emocional. Talvez fosse essa a intenção – jamais relaxar –, e tanta intensidade poderá espantar novos ouvintes. É improvável que seja esse disco do Fresno a cumprir o sonho de conversar com todos os públicos. Pode até causar o efeito contrário: isolar a banda como representante única de um tipo de rock raro no Brasil. Parece um paradoxo, mas, pretensões à parte, Lucas e parceiros parecem não mais tão preocupados com isso. E é justamente esse descompromisso que faz toda a (boa) diferença.

Fonte: Independente

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