Dr. John
Carlos Eduardo Lima Publicado em 14/05/2012, às 13h37 - Atualizado às 13h39
Mestre de Nova Orleans ganha apropriado resgate
Em algum lugar do receituário de influências de artistas revisionistas (e legais) como Jack White e Black Keys repousa a presença marota de Mac Rebenneck, mais conhecido como Dr. John. Pianista crucial na tradução das influências creole do som de Nova Orleans para o rock na virada dos anos 60/70, o Doutor sempre foi uma figuraça. Extravagante, fantasiado de sacerdote vodu, ele lançou discos maravilhosos, como Gumbo (1971) e Gris Gris (1968), e colocou seu nome no mapa do R&B e do blues das décadas seguintes. Seu problema foi não conseguir atingir um público maior do que os aficionados por esses estilos. Talvez este novo e excelente disco venha para fazer justiça. Dan Auerbach, metade guitarrística do Black Keys, produz e toca. O resultado é incendiário e reverente. Longe de soar como um trabalho do Black Keys, Locked Down resgata o ingrediente mais importante da sonoridade do Doutor, o piano (ou Fender Rhodes) encorpado, virtuoso na medida e seu gosto por brincar com ambiências funk e soul. Exemplos disso estão por todos os lados, seja na balada “My Children, My Angels”, no musculoso funk de “Kingdom of Izzness”, na sincopada “Revolution” ou no matreiro ritmo de “God’s Sure Good”. Mais que um disco de retorno ou alguma armação daquelas em que o ídolo é revigorado pelo discípulo, Locked Down se mostra como uma receita de cura para muitos males musicais de hoje.
Fonte: Nonesuch/Warner
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